Mudanças no estatuto de uma das principais universidades da China, incluindo o abandono do uso da frase “liberdade de pensamento” e a inclusão de uma promessa de seguir a liderança do Partido Comunista, provocaram um debate feroz e um raro ato de desafio por parte de estudantes chineses de ensino superior.
As mudanças no estatuto da Universidade Fudan, em Xangai, considerada uma das instituições mais liberais da China, foram anunciadas na semana passada, quando o Ministério da Educação afirmou ter aprovado a implementação das medidas em três universidades.
Poucas horas após o anúncio, o assunto das emendas do Fudan estavam em alta no Weibo – uma espécie de versão chinesa do Twitter – com uma hashtag compartilhada mais de um milhão de vezes.
“Se me atrevo a perguntar àqueles que iniciaram a alteração da Carta da Universidade de Fudan, como vocês esperam que nossa geração de pessoas de Fudan encare nossos ancestrais?”, Disse um usuário da rede social. Esse post, e muitos outros semelhantes questionando as mudanças, em particular o banimento da “liberdade de pensamento”, foram excluídos da rede social na quarta-feira à tarde, embora o assunto ainda estivesse sendo discutido em grupos privados do WeChat.
Desde que o presidente Xi Jinping chegou ao poder em 2012, a China reforçou a censura na internet e em vários aspectos da sociedade civil em uma campanha que viu um crescente aumento no controle e um espaço cada vez menor para protestos, inclusive em campi.
As medidas universitárias ocorre num momento em que Pequim enfrenta protestos contra o governo em Hong Kong, que envolveram muitos estudantes. Um vídeo que circulava no Twitter na quarta-feira mostrou um grupo de estudantes de Fudan cantando o hino da faculdade, que inclui a frase “liberdade de pensamento”, durante o intervalo do almoço. Os estudantes da universidade confirmaram à Reuters que o evento havia acontecido.
O novo estatuto universitário afirma que a instituição de ensino “vai armar as mentes de professores e estudantes com a ideologia do socialismo de Xi Jinping e características da China na nova era”. A Fudan está listada na 109ª posição no ranking mundial de universidades do Times Higher Education em 2020.
As duas outras universidades que fizeram alterações em seus estatutos foram Shaanxi Normal e Nanjing, de acordo com documentos publicados pelo Ministério da Educação que mostram que aprovaram as mudanças em 2 de dezembro. As revisões também incluíam referências ao fortalecimento da liderança do partido comunista nas universidades.
Fontes: The Guardian-China cuts ‘freedom of thought’ from top university charters
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