A exclamação do Presidente Lula de que o regime político da Venezuela é feio e autoritário, sendo uma ditadura, expressa a sua rejeição instintiva e contida à representação particular da marca registrada do estilo político criado pelo ex-presidente Hugo Chávez, seguido pelo presidente Maduro: o socialismo bolivariano venezuelano.
Lula mudou sua posição sobre a Venezuela: no passado, ele havia dito que o desafio está no excesso de democracia – em 25 anos de chavismo, houve cerca de 30 eleições; Hoje, segundo ele, o autoritarismo prevalece, mesmo que as eleições sejam realizadas periodicamente.
O que marca o antagonismo lulista com a posição chavista é que a organização partidária que transfere a superestrutura jurídica ao país de Simón Bolívar, para dar vida ao bolivarianismo, não deixa dúvidas sobre a proposta revolucionária: o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). ).
Sua base ideológica repousa sobre a Revolução Cubana, que, desde seu nascimento na segunda metade da década de 1950, seguiu o marxismo-leninismo como seu conselheiro político, com o Manifesto Comunista de Marx e Engels, escrito no final de 1847. no início de 1848, como um manual fundamental para aconselhar a condução da luta dos trabalhadores na Europa pela força contrária ao sistema capitalista.
Os capitalistas de hoje, liderados pelos Estados Unidos, estão furiosos com os 10 pontos do manual marxista como uma frente na luta contra o capital:
“1° – Desapropriação do imóvel do proprietário do terreno;
2 – Altamente desgastante;
3 – Abolição do imposto sucessório;
4 – Centralização dos créditos nas mãos do Estado, banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo;
5 – Centralização e nacionalização dos transportes;
6 – Confisco dos bens dos emigrantes e sediciosos;
7 – Multiplicação de fábricas e instrumentos de produção nas mãos do Estado, limpeza de terrenos baldios e melhoramento de terras cultivadas, de acordo com um plano;
8 – Pinturas obrigatórias para todos e criação de brigadas comerciais, para a agricultura;
9 – Organização situacional/estrutural da agricultura e da indústria, a diferença entre cidade e campo; e
10 – Ensino público gratuito e sua integração produtiva.
A CHINA SEGUE MARX
Este decálogo político-partidário do Partido Comunista, na concepção de Marx e Engels, pregado através de Hugo Chaves, é o mesmo que, hoje, Xi Jinping espalha, ideologicamente, na China, através do Partido Comunista Chinês, culpado de atingir os chineses encontram-se no ponto mais sensível da economia mundial segundo o critério da paridade do poder de compra à escala global, graças às baixas taxas de juro aplicadas através do crédito público do Estado.
Em essência, o líder de Chávez, em sua tarefa de construir o PSVU na Venezuela, que tem como fundamento político a união da população com o exército nacionalista, na chamada aliança cívico-militar, pretende construir uma coalizão nacionalista. Superestrutura legal para animar a base econômica, suas infraestruturas, ancoradas na maior riqueza nacional: o petróleo.
Superestrutura e infraestrutura combinadas através do Marxismo-Leninismo construído de acordo com a concepção do materialismo histórico-dialético:
1 – A materialidade como base das relações sociais;
2 – A história como produto da luta pela elegância, e;
3 – A dialética como duplo movimento da verdade (positivo-negativo, singular-plural, yin-yang, masculino-feminino etc. ) rege-se pelos interesses contraditórios entre capital e trabalho, no modo de produção burguês, para ir além dela. rumo ao socialismo.
A QUINTA INTERNACIONAL: A IDEOLOGIA DO TRABALHO
Hugo Chávez combinou sua prática militar com uma visão socialista, em leituras profundas dos clássicos marxistas, especialmente Lênin, como ideólogo da organização dos trabalhadores através do partido político revolucionário para dominar o poder burguês.
Sua luta para ganhar força em 1999, depois de ter derrotado a burguesia venezuelana com armas e apoio popular, levou-o a conceber a criação de uma Quinta Internacional Socialista, para organizar os trabalhadores, especialmente na América Latina, tarefa que ele não realizou na prática. , mas continuou sendo uma tarefa de longo prazo.
Ele é um revolucionário latino-americano que, depois de ter concebido e construído um partido de revolução socialista na Venezuela, criou, com presidentes progressistas como Lula (Brasil), Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), Mujica (Uruguai). ) etc. , que considerava fundamental: esquema de comunicação, com a Telesur, cujo lema era que o Norte do movimento político era o Sul, encarnado na União Sul-Americana (Unasul) e na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. (CELAC).
LULA, REFORMISTA DO OUTRO LADO
Ao contrário de Chávez, o presidente Lula é totalmente socialista
É um reformista burguês, de origem sindical, moldado na base econômica comercial do Brasil herdada de Getúlio Vargas, que modernizou o Estado nacional e as duras relações de trabalho, com a Revolução de 1930.
Os idealizadores do PT, na década de 1980, eram de origem marxista, mas Lula construiu sua cabeça política nas fileiras da indústria metalúrgica, subordinada à burguesia comercial economicamente dependente do capital externo.
Sem ler os clássicos do marxismo, mas profissionalizado na luta sindical da indústria, seu ideal não é a revolução socialista, mas a reforma da fórmula através da avaliação dos quadros com base no salário mínimo, sempre, segundo sua defesa, reajustado pela inflação. mais o crescimento do PIB durante o último biênio, como foi praticado especificamente em seu segundo governo, entre 2006 e 2010.
Lula nunca pregou, como Chaves e seu partido majoritário na Assembleia Nacional, o PSUV, a abolição da propriedade pessoal para obter vantagens da classe dominante, organizada de forma partidária por meio do PT, criado por ele em 1980.
As manobras arranjadas por Lula e pelo PT que derrubaram a ditadura militar, no contexto da crise do capitalismo, no final dos anos 1970, que implodiu a dívida externa, e o modelo militar keynesiano de Vargas, economicamente dependente de bancos estrangeiros, são objetivos suficientes para substituir o regime.
Buscaram acima de tudo se acomodar ao sistema capitalista nacional, supostamente reformado por meio da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, por meio de forças aliadas à burguesia tupiniquim com a qual o PT, nos anos posteriores à ditadura, sempre se reconciliaria rompendo. com eles. Array
O socialismo, com que sonharam os intelectuais fundadores do PT, nunca foi colocado como o principal objetivo de Lula e dos seus pragmáticos dirigentes sindicais nos anos que se seguiram à sua criação em 1980.
Pelo contrário, o PT e os seus apoiantes de esquerda, que nunca obtiveram a maioria no Congresso, depois da Assembleia Constituinte, da qual renunciaram pela primeira vez, foram gradualmente cooptados através do modelo burguês, até serem agora subjugados. maioria de direita e extrema direita, que tem como objetivo governar progressivamente, com Lula no terceiro mandato, para tentar derrotá-lo em 2026.
DIFERENÇA QUALITATIVA
Daí a velha diferença qualitativa entre a Venezuela, sob o chavismo-madurismo, dominante no parlamento venezuelano, e o Brasil, liderado por Lula e seus aliados de centro-esquerda, minoria no Congresso, rejeitada pela elite reacionária, que impõe um modelo neoliberal antinacionalista. Nesses países, a expansão econômica insustentável tende a ser inevitável.
Isto explica necessariamente as peculiaridades políticas que opõem os presidentes dos dois países na recente fase pós-eleitoral que elegeu Nicolás Maduro, disputada através da oposição, apoiada e financiada através dos Estados Unidos, que ameaça retomar as sanções económicas para salvar o progresso. do socialismo bolivariano.
Maduro e o exército bolivariano-chavista, em uma aliança cívico-militar que se opõe radicalmente ao imperialismo estadunidense, atingiram a América Latina em um cenário de instabilidade política em desenvolvimento, em meio à financeirização econômica capitalista da periferia sul-americana, bloqueada em suas possibilidades. para vender políticas sustentáveis. desenvolvimento econômico, se continuar a ser subordinado e através da geopolítica de Washington.
Lula, nesse contexto, busca equilibrar os dois polos geopolíticos que estão se formando em nível global, com o renascimento de uma nova guerra sem derramamento de sangue, que pode se tornar uma guerra quente:
1 – Por um lado, os Estados Unidos, capazes de destruir o regime chavista, de dominar o petróleo venezuelano, da estabilidade do dólar, após o fim do petrodólar, que lhe garantiu apoio obrigatório, e;
2 – Do lado, China e Rússia, aliadas da Venezuela, com quem o Brasil se alinha na estrutura dos BRICS, cuja máxima geopolítica é a multipolaridade versus a unipolaridade defendida através dos Estados Unidos e da União Europeia.
IMPASSÊNCIA POLÍTICA
É duvidoso que Lula continue com a pregação constitucional de que o Brasil defende a interdependência dos povos como pressuposto fundamental.
Nas últimas semanas, o presidente brasileiro tem sido criticado em todos os segmentos latino-americanos por fazer o jogo de Washington ao favorecer a interferência nos assuntos venezuelanos relacionados aos efeitos das eleições de 28 de julho na Venezuela.
Washington seguiu a visão da oposição venezuelana de que ganhou a eleição de acordo com os efeitos eleitorais que afirma ter, mas que os fornece ao Conselho Eleitoral da Venezuela e ao judiciário nacional.
Nicolás Maduro afirma ser o vencedor e aguarda o governo eleitoral depois de enviar os documentos eleitorais solicitados pelas partes em conflito e líderes latino-americanos, acrescentou o presidente Lula.
Nesta luta acirrada, as palavras de Lula, como representante da grande nação sul-americana, deixam o ambiente político em total turbulência, especialmente porque acentuam o que ele acabou declarando, precipitadamente, que o regime venezuelano é desagradável. e autoritário, mas ditatorial.
A direita e o direito brasileiros, assim como a América Latina em geral, aguardam o resultado da resolução do Superior Tribunal de Justiça da Venezuela, que analisa as minutas que lhe são enviadas por meio da CNE.
Se o veredicto do governo venezuelano é que Nicolás Maduro, ou seja, o chavismo, venceu as eleições que a oposição no passado acreditou ter vencido através delas, Lula terá que sair da posição de ambiguidade em que se encontra.
Caso contrário, protagonizará polaridades políticas ideológicas agudas, aprofundando divisões crescentes no continente sul-americano que favorecem o objetivo central dos Estados Unidos para facilitar o que julgam fundamental: dominar o petróleo da Venezuela, mediante tensões e rompimentos políticos com o chavismo socialista.
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