Sarampo: Casos alarmantes na Europa e Ásia Central preocupam OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a Europa está vendo um aumento alarmante de casos de sarampo. Entre janeiro e outubro deste ano, pelo menos 30 mil casos da doença foram detectados em 40 dos 53 Estados-membros. O aumento corresponde a mais de 3 mil em relação aos outros 941 infectados no total de 2022. A situação acelerou nos últimos meses, numa tendência que deverá manter-se se não forem tomadas medidas urgentes para travar a propagação.

Para o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, o aumento de casos de sarampo não só aumentou 30 vezes, como também houve cerca de 21 mil hospitalizações e cinco mortes pela doença. É preocupante dada a disponibilidade da vacina, que é “a única maneira de proteger os jovens desta doença potencialmente prejudicial”.

Kluge pediu a todos os países que se preparem para tropeçar temporariamente e responder em tempo hábil aos surtos de sarampo, que podem comprometer o progresso nos esforços para combater a doença, que enfraquece o sistema imunológico das crianças e pode ser fatal.

Cobertura vacinal

A urgência também é discutida em um alerta do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sobre casos na Europa e na Ásia Central. Estima-se que 931 mil crianças não receberam toda ou parte da vacina entre 2019 e 2021. Para a diretora do Unicef para a região, Regina De Dominici, não há sinais claros de queda na política de vacinação que justifiquem o aumento de casos. A taxa de vacinação com a primeira dose da vacina aumentou de 96% em 2019 para 93% em 2022.

Uma das principais razões para o declínio na política de vacinação foi a queda na demanda por vacinas, que foi “parcialmente alimentada por informações incorretas e desconfiança percebida devido à pandemia de Covid-19”. e a fragilidade dos principais sistemas de resposta a crises.

Mortes por doenças aumentam 43% no mundo

Devido à cobertura vacinal abaixo do ideal, um aumento de 43% nas mortes relacionadas ao sarampo foi registrado em todo o mundo em 2022, de acordo com um novo relatório divulgado há um mês pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos Centros de Controle e Prevenção. Centro de Controle de Doenças (CDC).

O documento estima que 136 mil vidas tenham sido perdidas pela doença no ano passado, em sua maioria crianças, além de nove milhões de casos — um aumento de 18% em relação ao ano anterior.

“O acúmulo de surtos e mortes por sarampo é surpreendente, embora infelizmente inesperado, dado o declínio nas taxas de vacinação que vimos nos últimos anos”, diz John Vertefeuille, diretor da Divisão de Imunização Global do CDC.

O número de países que relataram surtos de sarampo em 2022 também cresceu, de 22 para 37. O impacto é também desproporcional: 28 destas nações que enfrentaram a doença estão na África, e apenas uma na Europa. O novo relatório OMS ressalta essa desigualdade na recuperação das coberturas vacinais após a queda acentuada que foi observada de forma geral com a crise sanitária da Covid-19.

“A falta de recuperação da política de imunização contra o sarampo nos países de baixa renda após a pandemia é um alerta para a ação. O sarampo é chamado de vírus da desigualdade por uma razão inteligente. É a doença que vai localizar e atacar aqueles que estão protegidos”, diz Kate O’Brien, diretora de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS.

“As crianças em todos os lugares têm o direito de ser protegidas pela vacina contra o sarampo, que salva vidas, não importa onde vivam”, continua. O sarampo é uma infecção altamente contagiosa transmitida de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar, mas que pode ser prevenida com a vacina. Hoje, a proteção faz parte da dose tríplice viral, imunizante que evita o sarampo, rubéola e caxumba. No Brasil, as duas doses estão disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e são indicadas aos 12 e 15 meses de idade.

No mundo, segundo o painel de vacinação da OMS, em 2022, 83% dos bebês receberam a primeira dose, um percentual que havia chegado a 86% em 2019. Cerca de 74% completaram o esquema de proteção, bem abaixo dos 95% preconizados pelas autoridades de saúde. A cobertura significa que 22 milhões de bebês não receberam nem a primeira aplicação.

Além disso, a organização destaca que mais de uma parte desses 22 milhões vive em apenas 10 países: Brasil; Angola; Congo; Etiópia; Índia; Indonésia; Madagáscar; Nigéria; Paquistão e Filipinas. Entre os bebês brasileiros, segundo dados do Sistema de Informação do PNI (SI-PNI), apenas 57,6% receberam alguma das doses em 2022. A última vez que o país ultrapassou 90% da política foi em 2014.

“A vacinação é a defesa mais eficaz contra o sarampo. As consequências da doença podem ser graves, especialmente em jovens. Eles vêm com dores de cabeça como pneumonia, encefalite (inflamação do cérebro), convulsões e, em casos raros, podem levar a danos cerebrais permanentes ou até mesmo à morte. Além disso, crianças não vacinadas podem contribuir para a propagação da doença na comunidade, afetando outros indivíduos vulneráveis, como crianças pequenas que ainda não são elegíveis para vacinação e outros indivíduos imunocomprometidos [imunes]. Deficiência de fórmula]”, explica Emílio Ribas, infectologista do Instituto Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Foi a queda na vacinação que levou o país a perder o certificado de eliminação do sarampo. Ele recebeu esse prestígio em 2016, após uma campanha de vacinação bem-sucedida que eliminou os casos da doença. Nos dois anos seguintes, o país permaneceu sem novos registros, porém, em 2018 o vírus voltou a circular e a causar surtos. Em 2019, os casos da doença dispararam e o país perdeu a certificação.

“Esse retrocesso evidenciou as lacunas na política de vacinação e as situações desafiadoras enfrentadas na situação epidemiológica do sarampo. Desde essa perda de certificação, o Brasil tem enfrentado epidemias intermitentes de sarampo. Esses surtos reafirmam a necessidade contínua de esforços rigorosos de vigilância, campanhas de vacinação eficazes e esforços de conscientização pública. Essas medidas são essenciais não só para manter a doença sob controle, mas também para que o Brasil recupere seu prestígio como país livre do sarampo”, diz Weissmann. (Fontes: areferencia. com e oglobo. globo. com)

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