De Assange a Greta passando por Trump. 10 algarismos da década

A década começou com o lançamento de milhares de documentos classificados pelo WikiLeaks, uma época que ficou famoso ao seu fundador, Julian Assange. E o século X do século XXI não terminaria sem que o mundo estivesse à ativista Greta Thunberg, uma de 16 anos, a sua nova heroína.

Donald Trump enfrenta um processo de stitude

© REUTERS/Lia Millis

Até 2015, para a maioria dos americanos – e ainda mais para o resto do mundo – Donald Trump era aquele milionário de cabelo estranho que apresentara o reality showThe Apprentice. Talvez por isso a reação quando em junho Trump anunciou a entrada na corrida à nomeação republicana muitos se tenham rido.

Mas a verdade é que não só bateu todos os rivais, como derrotou a a democrata Hillary Clinton nas presidenciais de novembro de 2016. Já na Casa Branca deixou enganados todos os que acharam que quando chegasse ao poder ia moderar o discurso.

Em três anos, habituou a América e o mundo à liderança pelo Twitter, retirou os EUA de vários tratados internacionais – desde o sobre o nuclear iraniano ao do clima – e depois de deixar o mundo a temer uma guerra entre EUA e a Coreia do Norte, já se encontrou por duas vezes com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Com eleições marcadas para 2020, o 45.º presidente dos EUA, de 73 anos, está a ser alvo de um processo de impeachment que, depois de aprovado pela Câmara dos Representantes, em janeiro vai passar para o julgamento no Senado. E se os republicanos têm maioria na câmara alta do Congresso, deixando poucas hipóteses de uma maioria de dois terços destituir o presidente, a verdade é que Trump já entrou para a História como o terceiro presidente americano a ver o processo de impeachment chegar ao Senado.

A próxima década, essa tanto poder trazer-lhe a destituição como a reeleição ou uma derrota nas urnas.

Macron chegou ao poder em França decidiu mudar a União Europeia

© EPA/JULIEN WARNAND

Quando em 2014 François Hollande o nomeia ministro da Economia, Emmanuel Macron já tem fama de não ser muito à esquerda. O homem que começara a carreira como inspetor dos impostos e trabalhara para o banco Rotschild até aprendeu com a avó materna a vocação de esquerda mas foi ao centro que encontrou o rumo político.

Defensor do “liberalismo social”, em agosto de 2016 demite-se, quatro meses após ter criado o seu próprio movimento político, hoje o partido La Republique en Marche!. E em maio de 2017, com apenas 39 anos, torna-se no mais jovem presidente de França, após derrotar na segunda volta Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional, de extrema-direita.

Casado com Brigite Trogneux, 24 anos mais velha do que ele e que conheceu no liceu onde esta foi sua professora de francês, Macron destacou-se pelas reformas que quis fazer na UE, onde defende um orçamento da zona euro e um ministro das Finanças europeu. Visto como o garante do multilateralismo e da democracia liberal face a uma América liderada por Donald Trump, em termos internos tem enfrentado vários desafios.

Em protesto contra o colete amarelo — que foi marcado em quase todos os sábados, às vezes violentamente, nos últimos seis meses, até as greves em protesto contra a reforma da previdência. Com as próximas eleições, previstas para 2022, o certo é que a popularidade de Macron está agora abaixo de 34%, caindo nos últimos dois meses.

Jacinda Ardern se há um selfie com os jovens fãs

© REUTERS/Tracey Nearmy

Quando chegou ao poder na Nova Zelândia em outubro de 2017, Jacinda Ardern tornou-se, aos 37 anos, na mais jovem chefe de governo do mundo (um recorde que foi batido em dezembro deste ano pela finlandesa Sanna Marin, de 34).

Criada como mórmon pelos pais, em 2005 Jacinda deixou a igreja por discordar da sua posição em relação aos homossexuais. Mãe pela primeira vez já no cargo, a primeira-ministra neozelandesa destacou-se pela sua defesa das causas feministas, contra o racismo e por não hesitar em falar de saúde mental, e dos problemas de ansiedade que sempre achou que a afastariam dos mais altos cargos políticos.

Mas foi após os ataques de Christchurch, a 15 de março de 2019, que a mulher que gerou a “Jacindamania” ganhou ainda mais destaque internacional. Primeiro ao apelar aos media para não revelarem a identidade do atirador que fez 51 mortos em ataques contra a comunidade muçulmana, depois ao mudar rapidamente a lei das armas para a tornar mais restritiva.

E o ano não terminou sem que a Nova Zelândia aprovasse uma lei na qual se compromete a atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Xi Jinping fala das comemorações do 70º aniversário da República Popular da China na Praça Tiananmen, em Beijing.

© EPA/Xinhua

Filho de um vice-primeiro-ministro caído em desgraça durante a Revolução Cultural, Xi Jinping foi enviado aos 16 anos para a província, onde trabalhou seis anos como camponês. Em 1974 entrou no Partido Comunista (PCC) e começou a sua lenta mas imparável progressão. Depois de se ter formado em engenharia química acumulou cargos no partido e na administração.

Em 2007, quando comemorava 20 anos de casamento com a popular cantora Peng Liyuan, foi promovido ao Politburo, para no ano seguinte ser eleito vice-presidente.

Ao ascender à presidência, em 2013, Xi iniciou uma campanha anticorrupção que levou à condenação de mais de um milhão de funcionários – bem como o afastamento de adversários políticos. Ao defender um socialismo com características chinesas, viu o partido inscrever na sua constituição o seu nome e ideologia, ao lado apenas de Mao Tsé-Tung.

O PCC também aboliu o limite de mandatos, pelo que poderá continuar para lá de 2023 no poder e prosseguir a sua política mais afirmativa internacionalmente, seja com a iniciativa comercial Uma Faixa, Uma Rota, seja com a pretensão ao Mar do Sul da China.

O cardeal Jorge Bergoglio acabado de ser eleito papa apresenta-se na varanda da basílica de São Pedro como bispo de Roma.

© Dylan Martinez/Reuters

Até 2013, Jorge Bergoglio era conhecido pelos argentinos como o cardeal que se destacava do restante clero por rejeitar mordomias e usar transportes públicos, bem como pelo seu conservadorismo que entrava em choque com as presidências de Néstor e Cristina Kirchner. A partir do momento em que foi escolhido entre os pares para suceder a Bento XVI, o primeiro papa não europeu em mais de 1200 anos surpreendeu o mundo ao apresentar-se perante os fiéis como bispo de Roma, com uma veste simples e a cruz de metal que já usava, e ao afirmar-se como um pontífice a “presidir na caridade”.

Com a Igreja Católica minada pelos escândalos de pedofilia, Francisco aboliu a lei do silêncio que envolvem os casos de abusos sexuais e determina o dever de cooperar com a justiça. Apesar de não ter preconizado a revolução que alguns esperavam e outros temiam ao rejeitar a ordenação de mulheres, ao reafirmar a oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao aborto e à contraceção, a exortação apostólica de 2016 insta o clero a não ser crítica em relação aos homossexuais, mães solteiras e aos divorciados que desejam voltar a casar.

O diálogo ecuménico e inter-religioso é também uma prioridade para Francisco, ao protagonizar com Cirilo I o primeiro encontro de sempre entre líderes católicos e ortodoxos, ou ao visitar a Arábia, onde participou numa conferência com clérigos sunitas. A encíclica de 2015, Laudato si, é vista como um manifesto político em defesa do meio ambiente.

Greta Thunberg em uma das manifestações de “Sexta-feira o Futuro”, na Itália.

© EPA/ALESSANDRO DI MARCO

Em agosto de 2018, em plena campanha eleitoral sueca, uma adolescente de 15 anos resolveu começar a faltar à escola para passar o dia frente ao Parlamento com um cartaz que dizia “Greve às Aulas pelo Clima”.

Mas o que era um protesto a solo ganhou fôlego a nível mundial, com milhões a participarem no movimento das “Sextas-Feiras pelo Futuro”, transformando Greta Thunberg numa estrela a nível planetário e no rosto da luta contra as alterações climáticas.

Mas além de milhões de fãs, a jovem ativista (que tem síndrome de Asperger, uma perturbação do espetro autista) ganhou também muitos detratores com os seus discursos diretos. “Como se atrevem?”, disse aos líderes mundiais reunidos na Assembleia Geral da ONU, acusando-os de falta de ação diante das provas de aquecimento global que os cientistas apresentam há anos.

Apesar dos ataques de Donald Trump ou de Jair Bolsonaro, Greta promete continuar na luta. Foi eleita Pessoa do Ano da revista Time, além de ter sido nomeada para o Prémio Nobel da Paz.

Jair Bolsonaro tomou posse como presidente do Brasil a 1 de janeiro de 2019.

© REUTERS/Adriano Machado

O atual presidente do Brasil está na política há 28 anos, tendo sido vereador do Rio de Janeiro antes de ser eleito deputado sete vezes consecutivas. Mas o capitão do exército, de 64 anos, era um quase desconhecido — marcando a agenda apenas como figura caricata e discursos agressivos — até se lançar na campanha para as presidenciais de 2018. Ganhou na segunda volta ao candidato do Partido dos Trabalhadores, com 55,5% dos votos, depois de ter sido esfaqueado durante a campanha.

No meio da crise política brasileira, com os partidos tradicionais envoltos em escândalos de corrupção, Bolsonaro conseguiu mobilizar os eleitores descontentes com a situação do país — ao mesmo tempo que ganhava muitos críticos e adversários.

Sempre em defesa dos valores da família cristã, é contra o aborto e tem um discurso homofóbico e machista, sendo a favor do porte de armas e de uma mão pesada contra o crime. É ainda cético no que diz respeito às alterações climáticas, tendo um dos pontos negativos do seu primeiro ano de mandato sido os incêndios na Amazónia, que desencadearam críticas mundiais.

O presidente angolano João Lourenço durante a visita que realizou a Moscovo em abril.

© Reuters/Maxim Shemetov

Em abril de 2014, nomeado por José Eduardo dos Santos para ministro da Defesa, dá-se o fim da travessia no deserto de João Lourenço. Em 2002 posicionara-se como candidato à sucessão quando Eduardo dos Santos anunciara a intenção de deixar o poder e mais tarde mudado de ideias. De regresso às esferas do poder foi uma ascensão rápida: vice-presidente do MPLA em agosto de 2016 e presidente de Angola um ano depois.

E é também com sentido de urgência que Lourenço ataca em várias frentes: combate à corrupção e recuperação de ativos financeiros; reforma da petrolífera estatal, Sonangol; plano de combate ao desemprego; abertura à oposição ao MPLA.

No campo das relações externas, João Lourenço deseja reforçar o papel de Angola, seja em missões de paz internacionais, seja junto dos países dos Grandes Lagos. Com Portugal, porta de entrada de Luanda na Europa, um novo capítulo foi aberto com a normalização das relações e novos acordos de cooperação assinados nas áreas da defesa, segurança e finanças, além de um aumento das linhas de crédito para empresas portuguesas com relações com Angola.

Nascido em 1954 no Lobito, João Lourenço juntou-se ao MPLA pouco antes da proclamação da independência de Angola, tendo combatido durante a guerra civil que se seguiu. Estudou na União Soviética e de regresso combate a UNITA, ascendendo a general. É então que também é promovido no partido, chegando a secretário-geral, cargo que exerceu entre 1998 e 2003.

Pablo Iglesias.

© REUTERS/Javier Barbancho

No início desta década, Pablo Iglesias estava a aprofundar os seus estudos universitários e começava a apresentar, na televisão, um programa de tertúlia política, chamado La Tuerka. Era apenas conhecido por uma minoria de pessoas.

Em 2014, isso mudou quando foi um dos fundadores do Podemos, o partido que acabaria por liderar e que nasceu à procura de capitalizar o sentimento de protesto contra a austeridade que tinha levado milhares de “Indignados” às ruas. Seria eleito eurodeputado nesse mesmo ano, junto com outros quatro representantes do Podemos, para um ano depois fazer a estreia nas eleições gerais que ditaram o fim do bipartidarismo em Espanha. O Podemos (e aliados regionais) elegeu 69 deputados. O Ciudadanos, de Albert Rivera, foi outro dos partidos que veio baralhar as contas de Partido Popular e PSOE, obrigando à negociação de pactos para conseguir formar governo.

A partir da estreia eleitoral, o Podemos tem vindo a cair nas urnas (tal como o Ciudadanos), mas neste final de década Iglesias está mais perto do que nunca de chegar ao poder, depois de assinar um acordo de governo com o socialista Pedro Sánchez. O líder do Podemos, de 41 anos, será um dos vice-presidentes do governo. Enquanto isso, Rivera já deixou a política, após uma derrota humilhante nas eleições de novembro de 2019.

Julian Assange foi preso em abril, após quase sete anos exilado na embaixada equatoriana em Londres.

© ARQUIVO REUTERS/Hannah McKay

A existência de denunciantes, homens e mulheres que denunciam abusos de governos e grandes empresas, não é nova. Mas, Julian Assange e a WikiLeaks trouxeram a prática para o século XXI.

O ex-pirata informático australiano foi um dos fundadores. em 2006, do site de partilha de denúncias, tendo ganhado fama já no início desta década, com a publicação das informações recolhidas pela ex-analista do Exército norte-americano Chelsea Manning sobre as guerras no Afeganistão e Iraque e os correios secretos da diplomacia de Washington.

Assange, investigado pelos EUA, acabaria por passar quase sete dos últimos dez anos refugiado na embaixada equatoriana de Londres, depois de ter sido acusado de abuso sexual na Suécia e ter procurado asilo por temer que pudesse acabar extraditado para os EUA.

Já em 2019, veria o seu asilo revogado e foi detido pelos britânicos, que o condenaram por violar as condições da liberdade condicional, sendo que Assange, de 48 anos, ainda enfrenta a acusação nos EUA. Manning, a verdadeira denunciante, esteve presa por espionagem, tendo visto a sua pena comutada pelo presidente Barack Obama.

A década ficou ainda marcada pelas denúncias de Edward Snowden (que vive no exílio em Moscovo) sobre o programa de vigilância dos serviços secretos norte-americanos, assim como pela vinda a público dos Papéis do Panamá, documentos sobre clientes de contas offshore na empresa Mossack Fonseca. O nome do denunciante nunca foi revelado.

Uma seleção de personalidades que se afirmaram nesta — ou em qualquer — década é um exercício de masoquismo e dado a debates infindáveis. Se, por exemplo, para os portugueses António Guterres é uma figura sobejamente conhecida, o secretário-geral da ONU poderá figurar numa lista semelhante elaborada nos nossos antípodas. Menção, pois a outras dez figuras, que para o bem e para o mal marcaram esta década.

Malala Yousafzai, a menina que em 2013 sobreviveu a uma tentativa de homicídio por parte dos talibãs, tornou-se no ano seguinte na mais nova laureada com o Prémio Nobel da Paz pelo seu ativismo em prol da educação das meninas no Paquistão.

Alexis Tsipras apanhou a Grécia num turbilhão quando chegou ao poder, em 2015. O mais novo chefe de governo helénico em 150 anos foi eleito pela formação da esquerda radical Syriza para virar a página da crise da dívida grega, mas entre um referendo, eleições antecipadas e uma coligação com os nacionalistas, Tsipras acabou por aplicar a receita do Banco Central Europeu (BCE), FMI e UE em troca de empréstimos, mais austeridade e a permanência no euro.

Uma das pessoas com que Alexis Tsipras terá falado várias vezes é Christine Lagarde, então diretora do Fundo Monetário Internacional (de 2011 a 2019). Foi a primeira mulher a desempenhar esse cargo. Nada de novo na vida desta francesa de 63 anos. Foi a primeira administradora da empresa de advogados de Chicago Baker & McKenzie, pioneira em França enquanto encarregada das políticas económicas e financeiras do governo, e agora, desde julho, a primeira presidente do BCE.

Boris Johnson ganhou algum protagonismo ainda na década anterior, enquanto colorido mayor de Londres, mas foi enquanto rosto da campanha pelo Brexit, pela oposição que montou à antecessora Theresa May, e à forma como, após sucessivas derrotas políticas, venceu as eleições antecipadas com maioria absoluta e conseguiu ver aprovado no Parlamento a saída do Reino Unido da UE.

O italiano Matteo Salvini será ainda mais eurocético do que Johnson. Enquanto esteve no governo, entre junho de 2018 e setembro de 2019, como ministro do Interior e vice-primeiro-ministro de um governo de coligação com o Movimento 5 Estrelas e antes, enquanto líder da Liga, o populista ganhou notoriedade graças ao discurso contra Bruxelas, contra Roma e contra os imigrantes. Ao vencer as eleições europeias com 34%, Salvini jogou tudo ao fazer cair o governo, mas o primeiro-ministro Giuseppe Conte trocou as voltas e, com o o apoio do presidente Mattarella, negociou um novo governo de coligação, desta vez do 5 Estrelas com o Partido Democrático.

Justin Trudeau, filho de outro primeiro-ministro canadiano, Pierre Trudeau, chegou ao poder com 44 anos, apenas dois anos depois de chegar à liderança do Partido Liberal. Mas a sua estrela perdeu brilho, pelo menos internamente, após um mandato com resultados mistos e salpicado por escândalos. Num deles é suspeito de ter pressionado a então ministra da Justiça para esta chegar a um acordo com uma empresa canadiana acusada de corrupção com a Líbia de Kadhafi; e no outro por ter pintado a cara de preto numa festa em 2001, uma prática hoje considerada racista. Ainda assim, conseguiu ser reeleito para um segundo mandato, apesar de ter perdido a maioria.

Kim Jong-un, o terceiro na única dinastia estalinista, assumiu o poder em 2011, com todos os cargos inerentes. Rapidamente consolidou o seu poder numa purga em que se livrou do seu tio Jang Song Thaek, rotulado de “traidor” por um tribunal e executado. É também suspeito de ter ordenado o assassínio do seu meio-irmão, Kim Jong-nam, no aeroporto da Malásia, em 2017. Tendo dado prioridade a algumas reformas económicas e à construção, não descurou o programa nuclear. Manteve três encontros com o presidente norte-americano Donald Trump. Com o sul-coreano Moon Jae-in assinou em 2018 uma declaração em que Norte e Sul se comprometem em procurar a paz, a desnuclearização da península e a reunificação.

Narendra Modi chegou ao concerto das nações em 2014, quando venceu as eleições da maior democracia do mundo, mas o primeiro-ministro indiano, entretanto reeleito, já levava mais de uma dúzia de anos como ministro-chefe de Gujarat e a fama de apoiar uma perigosa retórica nacionalista hindu. O seu governo tem investido na saúde e infraestruturas bem como num programa para atração de capital estrangeiro. Já reeleito, acabou com o estatuto especial de Caxemira, o único estado de maioria muçulmana, e enfrenta oposição popular pela emenda à lei da nacionalidade por discriminar muçulmanos.

Nicolás Maduro, ex-condutor de autocarros e sindicalista, recebeu a vice-presidência de Hugo Chávez, em 2011, quando este, doente, o quis designar como sucessor. Venceu as eleições de 2013 com 1,5% de votos de diferença para Henrique Capriles. Nem este nem parte da oposição reconheceram o resultado e desde então fizeram oposição nas ruas enquanto Maduro reforçou os poderes através de uma assembleia constituinte e eleições em 2018. A oposição uniu-se em torno do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente legítimo, mas sem outros resultados que não o agravar de uma crise política a uma enorme crise económica e que teve como consequência uma onda migratória estimada em até seis milhões de pessoas.

Miguel Díaz-Canel, de 59 anos é um engenheiro de eletrónica que o mundo ignorava há dez anos. Em outubro, assumiu as funções do novo cargo de presidente da República de Cuba, decorrente das alterações à constituição já efetuadas enquanto presidente do conselho de Estado, para o qual fora promovido em 2018. As reformas permitem agora a iniciativa privada, proíbem a discriminação devido à orientação sexual e preveem a presunção de inocência e foram aprovadas num plebiscito. O ex-ministro do Ensino Superior não é ainda o líder de Cuba. Enquanto primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro é formalmente o dirigente máximo cubano.

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