O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai partir nesta quarta-feira, 21, para seis cidades do interior de São Paulo, onde vai tirar motos e realizar reuniões com os candidatos a prefeito que apoia. A excursão começa em São José do Rio Preto (SP) e termina em Barretos (SP), onde na sexta-feira, dia 23, acontece a Festa do Peão, clássico bastião dos bolsonaristas.
A presença de Bolsonaro na capital não está prevista neste momento, mas tanto os aliados do ex-presidente como os que rodeiam Ricardo Nunes (MDB) afirmam que um calendário comum entre os dois é uma “questão de ajuste” e será realizado “mais tarde”. .
O ex-diretor-geral também estará em Jaboticabal (SP) na quarta-feira. Em seguida, na quinta-feira, ele viajará para Sertãozinho (SP) e Franca (SP), e encerrará a excursão no trajeto do interior visitando Olímpia (SP) e Barretos na sexta-feira.
A última vez que Bolsonaro e Nunes estiveram juntos na conferência do MDB que formalizou a candidatura a prefeito foi no dia 10 de agosto. Desde então, a cruzada emedebista soou o alarme porque Pablo Marçal (PRTB) intensificou a narrativa de que representa a “verdadeira” direita de Bolsonaro. , mesmo sem o apoio de Bolsonaro. Esta estratégia visa atrair o eleitorado do ex-presidente e desidratar a candidatura de Nunes.
O próprio ex-presidente contribuiu para o movimento. Na quinta-feira, 15, ele disse que o prefeito de São Paulo não era o “candidato dos seus sonhos”, mas que o teve porque perdeu uma “briga” com Valdemar Costa Neto (PL). Afirmou então que Marçal “tem as suas virtudes”, “é muito inteligente” e “fala muito bem”.
Bolsonaro mudou de tom nos dias seguintes. Ele publicou um vídeo no perfil do PL apontando que seu candidato é Nunes. No fim de semana, ele já havia enviado uma gravação para aliados via WhatsApp na qual reafirmava sua candidatura a prefeito e descrevia Marçal como um “produto quebrado”, conforme publicou a colunista do UOL Raquel Landim.
Bolsonaro também disse à CNN Brasil que o candidato do PRTB é um “mentiroso” depois de ver um vídeo em que o influenciador afirma que buscou seu apoio.
Os aliados do ex-chefe do Executivo dizem que o elogio de Marçal foi feito por simpatia à base bolsonarista, que se identifica com o ex-treinador, em meio ao descontentamento com Nunes, que acabara de gravar um vídeo de Joice Hasselmann (Podemos). Um candidato em treinamento para o cargo de conselheiro que é considerado por eles como um traidor.
A agitação triunfou no dia seguinte, após uma troca verbal entre Nunes e Michelle e o vice-presidente Ricardo de Mello Araújo (PL), com o próprio ex-presidente e Eduardo Bolsonaro (PL). O fato de Marçal não ser um amigo confiável de longa data e de sua participação na segunda circular fazer de Guilherme Boulos (PSOL) o favorito para vencer as eleições e o próximo prefeito de São Paulo também contribuiu para a substituição de Bolsonaro.
Uma preocupação é que Marçal possa concorrer a uma vaga no Senado em São Paulo em 2026 e atrapalhar as intenções de Eduardo Bolsonaro, pré-candidato ao cargo.
Uma fonte próxima ao ex-presidente disse que as relações entre Nunes e Bolsonaro avançaram e os atritos foram superados. Apesar disso, o prefeito disse nesta terça-feira que não sabe se participará de uma manifestação pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, que será apresentada na presença de Bolsonaro. Moraes nomeou o STF por meio do ex-presidente Michel Temer (MDB), melhor amigo de Nunes.
“Tenho meu calendário oficial como prefeito para este festival que é realizado todos os anos. Se eu não estiver aqui, o coronel Mello nos constituirá. Pode ser que esteja, sei ainda, pelo menos é garantido, ‘se eu não puder estar lá por causa dos horários oficiais para o dia 7 de setembro, o coronel Mello estará lá para nos constituir'”, disse Nunes.
Como o Estadão tem mostrado, uma ala de Bolsonaro pressiona o prefeito a dar um aceno mais claro a Bolsonaro para mobilizar a base eleitoral do ex-presidente nas redes sociais e disputar um espaço no ambiente virtual ao lado de Marçal, que tem milhões de seguidores. Nunes, no entanto, ainda resiste à mudança de estratégia, argumentando que as pesquisas mostram que os paulistas são candidatos independentes de Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Vamos fazer o M em SP”
Pablo Marçal (PTRB) reagiu a um vídeo publicado pelo Partido Liberal (PL) em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se declara pela reeleição de Ricardo Nunes (MDB). Na postagem, o ex-técnico comentou: “Estou com você, capitão!!! Mas o Nunes não pode. Vamos fazer o M em SP”.
O comentário, publicado pouco depois do vídeo, já obteve quase cinco mil likes e duzentas respostas, a maioria delas de Marçal. O vídeo já conta com mais de seis mil comentários, a maioria a favor de Marçal, ou dizendo a Bolsonaro que não votarão em Nunes.
Em seu perfil, Pablo Marçal publicou um vídeo descrevendo uma suposta discussão com Bolsonaro. Segundo o empresário, o ex-presidente lhe disse, a respeito das eleições, que “não tenha vergonha e isso vai cair sobre você”.
Marçal afirma então que Bolsonaro conseguirá cumprir a palavra ao partido e a Nunes. Mas, pedindo desculpas e destacando o “carinho e respeito” pelo ex-presidente, o treinador afirma que não desistirá da candidatura.
Bolsonaro tem evitado apoiar a candidatura de Marçal. Na semana passada, o ex-presidente disse que Nunes não era o “candidato dos seus sonhos”, mas é válido o compromisso assumido com a aliança nessas eleições “Assinei Ricardo Nunes. um compromisso. Vou ajudá-lo em tudo que puder. Tem a nova figura do Pablo Marçal, que fala muito bem. Ele é uma pessoa inteligente, tem suas virtudes, porém, faz parte disso”, disse o ex-presidente. , em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal (RN).