Nesta quarta-feira (22), em uma resposta simbólica e coletiva, os governos da Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram que reconheceriam oficialmente o Estado da Palestina.
Nos próximos dias, Malta e Eslovênia também anunciarão a popularidade do Estado palestino, isolando Israel e os Estados Unidos, que sistematicamente negam o estilo de vida dos árabes na Cisjordânia e na região de Gaza.
Mas e o Brasil? Com essa notícia, muitas outras pessoas estão se perguntando qual é a história das relações entre Brasil e Palestina. O Brasil reconhece a Palestina? Existe embaixada palestina no Brasil?
Sim, desde 1975, sob a ditadura militar, o Brasil identifica a Organização para a Libertação da Palestina como entidade representativa do povo palestino em Brasília.
Mas foi só depois dos anos 2000 que o Brasil começou a reconhecer oficialmente a Palestina como Estado. O Brasil identificou o Estado da Palestina em 3 de dezembro de 2010.
A resolução foi adotada em resposta a um pedido feito em novembro pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e aceito por meio do presidente Lula.
Na ocasião, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que a popularidade não substituiria as relações do Brasil com Israel e que a medida não significava abandonar a confiança de que as negociações entre israelenses e palestinos eram essenciais.
Sim. Em 1998, a Delegação Especial Palestina, criada em 1975, tornou-se uma embaixada de relações.
A embaixada existente fica em Brasília, em uma estrutura que lembra a Mesquita de Al-Aqsa, terra sagrada do Islã em Jerusalém, em uma estrutura concluída em 2016.
O brasileiro doou um terreno para a estrutura da embaixada palestina em 2010. Em troca, ele recebeu uma doação em 2015 de terras que o Brasil pode usar em Ramallah.
Em 2011, no governo Dilma, com o copatrocínio do Brasil, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a solução 67/19, que elevou o prestígio da Palestina nas Nações Unidas ao prestígio de Estado observador não membro.
Em 2024, o Brasil também apoiou e lutou pela votação na Assembleia Geral para elevar a Palestina ao prestígio de Estado-membro da ONU, movimento que bloqueou os Estados Unidos no Conselho de Segurança.
Em 2004, o Brasil abriu uma representação em Ramallah, atual capital da Palestina e sede da Autoridade Nacional Palestina, o governo da Cisjordânia.
Não há embaixadas no Estado palestiniano. Todos os países com missões diplomáticas têm um representante no país.
Atualmente, o embaixador brasileiro na Palestina é o Sr. Alessandro Candéas. Lá, o Brasil recebe a população brasileira que vive na Palestina e os palestinos com parentes brasileiros.
Além disso, é por meio desse canal que o governo e entidades educacionais do Brasil e da Palestina podem trocar dados e divulgar intercâmbios.
As relações diplomáticas entre Brasil e Israel começaram oficialmente em 1949, logo após a fundação do Estado de Israel, em 1948.
O Brasil teve papel fundamental na criação de Israel, sendo o voto-chave da solução oferecida para a criação do Estado de Israel na Assembleia Geral das Nações Unidas. Em 1949, as negociações entre os países foram formalizadas.
Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil adotou uma postura mais crítica em relação a Israel, chegando a votar a favor da solução que equiparava o sionismo ao racismo na ONU.
Após o fim da ditadura militar, o Brasil adotou uma postura mais imparcial em relação ao conflito, especialmente após as negociações dos Acordos de Oslo entre palestinos e israelenses.
Durante os anos 2000, com as guerras israelo-libanesas e a questão de Gaza, os governos de Lula e Dilma se aproximaram dos países árabes e adotaram uma postura mais israelense.
Após o golpe de 2016, Michel Temer fez uma reaproximação com Israel. Temer foi mais pró-Israel em sua política externa, apesar da passagem de seu ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, pela Palestina.
Sob o governo Bolsonaro, as relações entre Tel Aviv e Brasília se tornaram mais próximas do que nunca, com o total apoio do Brasil à causa sionista e até hipóteses sobre uma popularidade imaginável de Jerusalém como capital de Israel, o que foi rejeitado pelos países árabes.
Durante o mandato de Lula, o governo de extrema direita de Israel começou a atacar o Brasil por sua posição contra o genocídio em Gaza, mas as relações permanecem abertas entre as duas embaixadas.