Estudos inéditos mostram que: para os países, alimentos “nutritivos”; No Sul Global, os mesmos produtos contêm altos níveis de açúcares de adição. Em marcas como a Mucilon – para a chegada nutricional de crianças de seis meses – a sacarose representa 20% do produto.
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Por Nathália Iwasawa, em O Joio e o Trigo
Você pode estar familiarizado com Mucilon, um produto da Nestlé voltado para crianças. Mas em muitos países, como Índia, Paquistão, África do Sul e Indonésia, você o encontra nas prateleiras com o nome de Cerelac. Essa palavra aparece dezenas de vezes no relatório publicado nesta terça-feira, 16, pelo Public Eye, em colaboração com a Rede Internacional de Defesa do Direito ao Aleitamento Materno, Ibfan.
O documento mostra a perversidade da empresa suíça quando se trata de promover produtos de qualidade nutricional inferior nos países do Sul. Os pesquisadores descobriram, por meio de análises laboratoriais, que o Cerelac (Mucilon) e o Nido (Ninho) contêm níveis de açúcar muito mais altos do que os destinados a crianças menores de dois anos de idade. Os produtos são vendidos em países da África, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil.
A contradição emerge do relatório: na Suíça, país de origem da empresa, os mesmos produtos são vendidos sem adição de açúcar. Acontece que é como uma casa de ferreiro. . . O espeto é feito de ferro.
Para evitar dúvidas: no seu país, a Nestlé vende cereais com sabor a biscoitos sem adição de açúcar; no Senegal, Cerelac do mesmo sabor 6 gramas de açúcar adicionado por porção.
Nos principais mercados da Nestlé na Europa (Alemanha, França e Reino Unido), nenhum leite para crianças de um a três anos também não contém açúcar adicionado.
As duas marcas, Cerelac e Nido, estão entre as mais vendidas na categoria de alimentos para bebês em países emergentes. A empresa promove malabarismos retóricos ao afirmar que o objetivo dos produtos é que os jovens “levem vidas mais saudáveis”.
De acordo com o site global da empresa, esses produtos são fortificados com vitaminas, minerais e outros micronutrientes “indispensáveis” e contribuem para o crescimento, impulsionando a fórmula imunológica e a progressão cognitiva. No entanto, o rótulo esconde a obrigatoriedade – eles têm um elemento que a ciência já mostrou estar ligado à progressão da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Promover os mesmos produtos com critérios muito diferentes entre o Norte e o Sul é o que os investigadores chamam de “duplo padrão injustificável”. Para a professora Fabíola Nejar, nutricionista e integrante do Ibfan, trata-se de um “jogo sujo”.
“É um produto que cria um mercado que nem merece existir, porque é um nível em que as crianças merecem estar em contato com alimentos minimamente processados, novos alimentos e elementos da cultura alimentar daquela família”, diz. Fabíola foi uma das pesquisadoras encarregadas de oferecer recomendações técnicas sobre o relatório.
Como prova desse duplo padrão, os produtos foram adquiridos nos principais mercados da empresa. As amostras foram enviadas para laboratórios selecionados em Switzerland. To surpresa dos pesquisadores, muitas dessas empresas se recusaram a publicar os testes.
“O caso acabou sendo mais confuso do que o esperado”, diz o relatório. Um dos laboratórios disse que pode não executar a verificação porque os efeitos “podem ter um impacto negativo” nos clientes. Perante estas recusas, os investigadores do Public Eye e do Ibfan recorreram a um laboratório na Bélgica, o Centro de Especialização Alimentar, em Bruxelas. “É uma força que tem a ver com o sinal do dólar, que tem a ver com a economia”, disse Nejar sobre a atividade dos laboratórios suíços. rejeição.
A pesquisa da Public Eye mostrou que o Ninho no Brasil não usa açúcar adicionado. O país é o terceiro maior mercado cliente da marca. Já o Mucilon, produto destinado a introduzir a alimentação, ou seja, quando a criança completa seis meses, é vendido no país com adição de açúcar em seis dos oito tipos disponíveis no mercado. Em análise de laboratório, os pesquisadores encontraram uma média de quatro gramas por porção de 21 gramas, ou cerca de 20% do produto.
Graus de açúcar (4,2 g e 4,3 g, respectivamente) foram encontrados em Mucilon Multicereais e Mucilon Rice. O açúcar aparece como o segundo item da lista de 8 produtos.
Em comparação, no maior mercado cliente do Ninho, a Indonésia, a verdade é outra. Leite Nestlé para crianças entre um e três anos, Ninho, 2 gramas de açúcar adicionado por 100 gramas de produto.
O açúcar do Mucilon vem na forma de sacarose, enquanto o Ninho parece ter adição de mel. O produto modelador é oferecido em mais de 50 países, sendo que Índia e Brasil respondem por cerca de 40% desse mercado. Paquistão, Nigéria e África do Sul são outros países vitais para a marca.
O Ninho está presente em pelo menos 40 países, dos quais a Indonésia responde por um terço do mercado global.
Talvez o aspecto mais chocante dessa história seja que, até recentemente, os açúcares contidos no Mucilon eram escondidos dos consumidores brasileiros. Não há nenhuma obrigação de divulgar o teor de açúcar adicionado nos rótulos nutricionais, e a Nestlé claramente não divulgou essa informação voluntariamente. A lei previa que os açúcares podem simplesmente ser incluídos na tabela nutricional junto com os carboidratos.
Isso foi substituído pelas novas regras de rotulagem nutricional para alimentos e bebidas, que entraram em vigor em outubro de 2023. A nova regulamentação, que tem sido atacada pela indústria, acrescentando a própria Nestlé, também se aplicará a alimentos destinados a usos especiais. como Mucilon.
O açúcar adicionado é um elemento que não faz parte da nutrição de crianças menores de dois anos de idade. Este é um conselho global expresso através da Organização Mundial da Saúde, bem como através dos governos locais, como é o caso das Diretrizes Dietéticas para Crianças Menores de Dois Anos de Idade. Documento de dois anos do Ministério da Saúde.
Apesar dos padrões estabelecidos pela OMS, a adição de açúcar aos alimentos é permitida em um máximo de países, que contam com o Codex Alimentarius, um conjunto de critérios estrangeiros desenvolvidos por meio de uma comissão intergovernamental e coordenados conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para Alimentos e Bebidas. Organização das Nações Unidas (FAO) e OMS. No entanto, o lobby está presente. Em recente revisão do padrão para confinamento, a indústria respondeu por mais de 40% dos participantes.
A Nestlé está muito familiarizada com essas diretrizes públicas de fitness. No site da Ninho Brasil, a empresa afirma que “o ideal é evitar comer esses ingredientes [açucarados] na infância, pois seu sabor adocicado pode influenciar na preferência por esses tipos de alimentos no futuro”.
A Nestlé é a distribuidora mais sensata do mercado brasileiro de alimentos para bebês. Em 2022, as vendas dessa categoria de produtos ultrapassaram US$ 600 milhões. Nosso país é um grande negócio para as empresas suíças. Por essa razão, o relatório encomendou estudos para avaliar também os métodos de marketing e lobby. implementados no contexto brasileiro.
Coordenado por Ana Paula Bortoletto, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) e professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, a pesquisa revelou nove métodos usados pela Nestlé para construir um discurso fitness sobre seus produtos, além de construir uma técnica complicada para a família. especialmente para as mães, primando pelo papel de uma maravilhosa “aliada” no cuidado de crianças e bebês.
Para Bortoletto, a confusão causada pelos vídeos de receitas de Mucilon é marcante. “Existem receitas à base de produtos açucarados e outras à base de produtos sem açúcar. E quando se trata de produtos que contêm açúcar, você tem que ser um pouco cauteloso quando se trata de crianças com mais de dois anos e os outros não. Mas é a mesma história visual e o mesmo tipo de narrativa dentro do mesmo espaço”, alerta o pesquisador.
Trata-se do site “Nestlé Receitas”, que oferece receitas com diversos produtos da empresa, além daqueles voltados para o público infantil, como o Mucilon. Estudos brasileiros revelaram 109 receitas, 21 vídeos, 41 artigos e dicas e um livro de receitas semelhante ao Produto. Eles relatam que são adicionados nutrientes e minerais, como ferro e zinco, “que contribuem para a progressão correta do cérebro”, explica o apresentador. Por outro lado, ele diz que “um biscoito de fruta com Mucilon é justamente o que seu filho precisa”. Neste caso, use Mucilon Multicereals, que contém 4,2g de açúcar por porção.
“Eu sei que você precisa que seu filho cresça o mais produtivo possível, mas sei o quanto seu dia a dia é corrido”, diz a apresentadora. Como passar a mensagem “mãe para mãe” é uma estratégia bem conhecida. Fabíola Nejar diz que “tudo isso é muito complicado porque na marca, você tem um produto e pretende para a criança. Mas marca exatamente o paladar desses alimentos.
A pesquisadora lembra que a formação do paladar nos primeiros anos de formação é um aspecto muito importante para a nutrição e saúde pública. Nesse padrão de vida específico, os jovens preferem alimentos ultraprocessados, que são ingredientes essenciais como sódio, gordura e açúcar.
“É muito difícil ver uma criança pequena sem comida. Porque o paladar deles está preparado para aquele produto expresso”, diz. E, como mãe, sublinha que “se tem uma coisa que te faz sentir culpada é ‘é a criança quando não come'”. Mensagens como as do vídeo da receita de Mucilon são muito úteis nesse sentido: Nestlé é amiga da mãe desesperada.
Outra estratégia importante da empresa é a mobilização de influenciadores virtuais. A Nestlé criou inúmeras “parcerias” com mães mulheres. Exemplo disso é o anúncio feito com Fabi Santina, autora do perfil Vida do Podcast Mãe. Um dos episódios do podcast, em que ela fala sobre maternidade, patrocinado pela Mucilon. Shantal Verdelho, mãe de 3 filhos e influenciadora virtual com mais de um milhão de fãs no Instagram, entrou na conversa.
A propaganda máxima do episódio dura cerca de cinco minutos, e o produto é amplamente elogiado. O apresentador começa: “Estamos comunicando sobre o Advento para a refeição, a primeira refeição, então vamos falar sobre o Meu Primeiro Lanche, que está aqui”.
E não demora muito para o convidado participar: “No carro, para te dar algo prático, eu carrego algo assim na bolsa. Aí ele [meu filho] seleciona, abre e come. Ele está super satisfeito em ver qual é o lanche do dia, e o My First Snack é perfeito. No final, Fabi conclui que “as mães são gratas. Gosto de coisas que facilitem a vida de uma mãe, porque a vida de uma mãe não é fácil.
As estratégias são mais sutis. O relatório da Public Eye destaca que a Nestlé contratou influenciadores para produzir seu próprio conteúdo, com o produto aparecendo diariamente como se fosse para uso voluntário, sem deixar claro que é conteúdo patrocinado, o que “borra as linhas entre marketing e nutrição”. .
Esse tipo de publicidade viola o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, que proíbe qualquer forma de promoção de Shapeula infantil, leite de crescimento para crianças pequenas de até 3 anos de idade e alimentos destinados a esse público que envolvam altos níveis de açúcar.
Globalmente, o estudo encontrou mais de 70 postagens nas redes sociais vendendo mal Mucilon e Ninho, atingindo um número de cerca de cinco milhões de pessoas no Instagram. Todos os produtos promovidos nesses itens são destinados a crianças menores de dois anos. Entre as influenciadoras que vendem os produtos estão mães, mas também profissionais de fitness.
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