Ucrânia, Dilma e muita economia na pauta da assembleia entre Lula e Xi Jinping

Uma reunião bilateral em Pequim entre Brasil e China discutirá o “clube da paz” e a presidência do banco dos Brics. Além da assinatura de 20 acordos de cooperação em agricultura, indústria e tecnologia.

Xi Jinping, então vice-presidente, venceu por Lula da Silva em Brasília em 2009.

© JOEDSON ALVES / AFP

Dois meses depois de visitar Joe Biden em Washington, Lula da Silva vai encontrar-se com Xi Jinping em Pequim e Xangai, de terça-feira, 11, a sábado, 15. A guerra na Ucrânia, a era dos BRICS, bloco que inclui os dois países, Rússia, Índia e África do Sul, e marca o retorno das relações internacionais brasileiras ao diálogo, em pé de igualdade, com as duas maiores potências mundiais da atualidade, Estados Unidos e China.

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“Um dos temas do congresso é o desenvolvimento, que trata de tecnologia, mudanças climáticas, transição energética e combate à fome, e será um momento em que Brasil e China também se comunicarão com o mundo”, disse Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, como é chamado o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

O secretário disse ainda que há 20 acordos em condições a serem firmados entre os dois países, nas áreas de saúde, agricultura, educação, finanças, indústria, ciência e tecnologia, e acrescentou o lançamento do CBERS-6, o primeiro rastreio sino-satélite brasileiro da Terra.

O foco do encontro na economia é destacado pela presença de 240 empresários brasileiros, sendo 90 oriundos do quadro agrícola, na comitiva de Lula, além de ministros e parlamentares. para equilibrar a conta existente no Brasil, que é cronicamente deficitária”, disse ao Correio Braziliense o diplomata Paulo Roberto de Almeida.

Com a escala no país asiático, de fato, Lula, que adiou a saída por duas semanas após ser diagnosticado com pneumonia leve, completa uma excursão pelos 3 principais parceiros comerciais do país, China, Estados Unidos e Argentina, nos primeiros 3 meses . de governo. Além disso, conquistou o chanceler alemão Olaf Scholz em Brasília, viajou ao Uruguai logo após as férias em Buenos Aires para falar sobre as intenções de negociar acordos industriais fora do Mercosul e fez escala em Portugal na volta da COP27. no Egito. , antes mesmo da abertura oficial.

Em seu discurso de vitória eleitoral de 30 de outubro, Lula disse que uma de suas prioridades seria “substituir o Brasil no mundo”, referindo-se ao que ele viu como o “isolacionismo” de seu antecessor, Jair Bolsonaro, no cenário estrangeiro.

No jornal Metrópoles, no entanto, o colunista Paulo Cappelli avança com um foco imaginável de tensão na zona econômica entre Brasil e China. O país oriental teme medidas protecionistas imagináveis através do governo brasileiro em relação ao petróleo chinês. “

Durante a escala do chefe de Estado brasileiro na China, no entanto, não serão discutidas apenas as relações de trabalho. Lula já levantou o fator com Biden, Scholz e a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna. China”, diz Paulo Roberto Almeida.

Especialmente porque Brasil e China são componentes dos BRICS, um bloco econômico de países emergentes também composto por Índia, África do Sul e, claro, Rússia. Os BRICS estão em uma posição desconfortável de neutralidade positiva em relação ao presidente russo. Disse o diplomata. Mas espera-se que países que pertencem ao Tribunal Penal Internacional, como é o caso do Brasil, possam abrigar um criminoso, como Vladimir Putin, contra quem há um mandado de prisão. “

“É por isso que o presidente russo merece não comparecer à próxima cúpula do BRICS em agosto na África do Sul. Esta é uma faceta incrivelmente sensível para o Brasil, porque está em confronto com outras nações ocidentais que não a Ucrânia, e é extraordinariamente exaustivo. Para Lula”, acrescenta.

Os Brics também serão alvo da recente eleição, sem concorrência, da presidente brasileira de 2011 a 2016, Dilma Rousseff, que estará na comitiva, para liderar o banco do bloco. “Passando por Xangai, sede dos BRICS, Lula merece a posição do Brasil em relação aos BRICS, o que reforça a publicidade e o caráter político da visita, que substituiu grande parte da gestão de Bolsonaro pela já existente, já que no último governo o bloco BRICS não foi tratado como prioridade. , isso foi repensado sem demora com a nomeação de Dilma Rousseff como presidente da instituição”, explica o economista Lucas Fernandes, coordenador de pesquisa de políticas do BMJ Consultores Associados.

Às vésperas da saída de Lula para a China, a assembleia está sendo observada, no entanto, com atenção nos Estados Unidos: o Comitê de Relações Exteriores do Senado convidou autoridades do governo Biden para uma discussão, pela primeira vez em anos, sobre “o longo prazo dos Estados Unidos”. -Relações Brasil”.

Citado pela BBC Brasil, um membro da comitiva de Lula em Pequim aplaudiu: “Se os dois gigantes precisam brigar sobre quem será o parceiro do Brasil, tudo o que você precisa fazer é vencer [ver entrevista]”.

ENTREVISTA COM VINÍCIUS VIEIRA, Professor de Economia e Relações Internacionais

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