Na bola e na pilha, o Getafe botou o Ajax no bolso e sai com ótima vantagem do jogo de ida

Getafe e Ajax protagonizam um dos melhores confrontos destes 16-avos de final da Liga Europa. É um duelo de contrastes, afinal. Os dois oponentes possuem filosofias de jogo diametralmente distintas, assim como camisas de pesos bastante diferentes. E se o histórico recente nas copas europeias concedia aos Godenzonen certo favoritismo na competição, após a queda na Champions, os Azulones nem de longe poderiam ser descartados, voando no Campeonato Espanhol. No fim das contas, o encaixe do jogo e o momento pesaram ao Getafe – também com sua dose de catimba. Os madrilenos conquistaram uma ótima vantagem com os 2 a 0 anotados no Coliseum Alfonso Pérez.

Oscilando muito desde dezembro, o Ajax visitou a Espanha sabendo do desafio que encararia. A tradição não entraria em campo e, por isso mesmo, Erik ten Hag escalou sua força máxima à disposição – apesar dos muitos desfalques por lesão e da suspensão de André Onana. Todavia, o Getafe impôs seu estilo de jogo com bolas longas, velocidade e muita pressão. Pepe Bordalás até mudou algumas peças, após a derrota para o Barcelona no final de semana. Nada que atrapalhasse os Azulones. Depois de um início de partida equilibrado e morno, os anfitriões cresceram e passaram a espetar. Criaram as primeiras chances, com Deyverson exigindo uma boa defesa do goleiro Bruno Varela, até abrirem o placar aos 32 minutos.

O lance nasceu em uma das virtudes do Getafe: o jogo aéreo. Após uma cobrança de falta na intermediária e o cruzamento para o meio do pagode, Mathías Olivera ajeitou e Deyverson pegou de primeira. Foi o primeiro tento do centroavante pelo novo clube. E, pra variar, Deyverson se envolveu em confusão. Durante a comemoração, a torcida do Ajax atirou um isqueiro e acertou o brasileiro. Os neerlandeses devem receber uma punição, embora o atacante tenha exagerado um bocado em sua reação. Nada de novo, ante o histórico do carioca.

O Getafe seguiu melhor depois do gol, sem dar trégua em seu ritmo forte. Já na volta ao segundo tempo, outra confusão aconteceu durante os primeiros minutos. Ryan Babel cometeu uma falta em Allan-Roméo Nyom e se revoltou com a encenação do lateral. Resolveu também se jogar no chão e, depois, imitá-lo mancando rumo à linha lateral. Os dois receberam o cartão amarelo. Um tanto quanto nervoso, o Ajax se esquecia de jogar bola e não conseguia lidar com a pressão alta dos adversários. Pior, a defesa dos neerlandeses permanecia debilitada, sem pegada.

Somente no final é que o Ajax esboçou uma reação. As duas únicas finalizações dos Godenzonen no jogo inteiro vieram depois dos 38, sem tanto perigo. Donny van de Beek e Klaas-Jan Huntelaar foram os responsáveis, mas mandaram para fora. Mais contido, o Getafe cumpria sua missão de evitar o empate com primazia. O time pouco criou no segundo tempo, mas picava bastante a partida e mal deixava a bola rolar para atrapalhar os visitantes. Já no fim, os madrilenos conseguiram encaixar um contragolpe e ampliar a diferença aos 48. A partir de um passe errado de Perr Schuurs, Olivera iniciou o ataque. Kennedy avançou com liberdade pela intermediária e arriscou da entrada da área. O chute desviou e superou o goleiro Varela.

O Getafe abraça também a Liga Europa. Se os Azulones vivem o sonho de conquistar a inédita vaga à Champions League no Campeonato Espanhol, não é por isso que irão renegar o torneio europeu secundário nesta temporada. A maneira como a torcida empurrou o time, desde a recepção ao ônibus no Coliseum Alfonso Pérez, foi marcante. E o resultado torna a classificação contra uma das forças destes mata-matas bem palpável.

Já o Ajax acumula decepções. Depois da queda em casa contra o Valencia na Champions, a situação contra o Getafe se complica bastante. Não é apenas o placar, mas a forma como os espanhóis jogam e também o momento ruim dos Godenzonen. Que os Azulones tenham exagerado na catimba e nos parcos minutos de bola rolando (apenas 42’36” no total), os erros defensivos e a falta de efetividade dos Ajacieden também são alarmantes. Terão uma semana para se reerguer contra um adversário chato de se enfrentar – e não apenas pelas provocações.

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