A Rússia testa efetivamente RuNet, sua “Internet à parte”

Enquanto outros ao redor do mundo se preparavam para as celebrações do Natal, as autoridades russas tinham outras preocupações: no início desta semana, o governo russo realizou uma verificação que desligou o país da internet. O objetivo é abrir caminho para a RuNet, uma espécie de “internet limpa”.

Na verdade, os testes começaram na semana passada. O desligamento do país, ocorrido na segunda-feira (23), é apenas um dos passos. Este procedimento consistiu necessariamente em executar a infraestrutura web russa sem sistemas DNS globais.

Os detalhes técnicos não foram divulgados pelo governo russo, mas o teste mostrou que as operadoras de telecomunicações do país já estão colaborando com agências governamentais para evitar que o tráfego online local transite por rotas estrangeiras.

Na prática, é como se a Rússia tivesse sua própria Internet: a já mencionada RuNet. Uma vez operacional, essa fórmula consistirá em restringir o tráfego à infraestrutura de telecomunicações local, impedindo que os dados saiam ou entrem no país.

A tarefa não é uma ideia recente. Há vários anos, o governo russo tenta “isolar” o país digitalmente. Para isso, o governo teve que atuar em duas grandes frentes: modificar a infraestrutura de telecomunicações e criar uma lei que permitisse esse tipo de controle.

Este é o argumento da segurança nacional. Através da chamada Lei de Soberania da Internet, o governo pode “desligar” a Rússia do resto do mundo e restringir as ligações à rede interna sob o pretexto de preservar a segurança ou os interesses do país.

Não que os testes avaliassem não apenas aspectos funcionais, mas também o hábito de RuNet em combater “influências externas negativas”.

Além de permitir a comunicação externa apenas com base em questões expressas de infraestrutura local, a comissão prevê a criação ou promoção de serviços online russos, bem como plataformas como Wikipedia, Google e Facebook.

É evidente que já existem algumas considerações sobre o assunto. Alan Woodward, cientista da computação da Universidade de Surrey, disse que era um sinal de que a Rússia, como outros países, havia seguido o regime autoritário de acesso à web imposto pelo Irã e pela China.

Ainda não há dados sobre o número ou se a RuNet estará operacional. Antes disso, os efeitos do controle devem ser apresentados oficialmente ao presidente Vladimir Putin, o que deve ocorrer já em 2020.

Com informações: BBC, ZDNet.

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