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Por Hora do Povo Postado em 17 de dezembro de 2022
Uma reportagem do site de notícias Sputnik Brasil nesta quarta-feira (14) mostra que a Avibras, um aparato estratégico de defesa corporativo brasileiro por meio do Ministério da Defesa, está passando pela pior crise de sua história. Em falência, a maior fabricante de material militar do Brasil, dona de um arsenal que inclui mísseis, carros blindados e lançadores de foguetes, tem uma dívida de R$ 640 milhões.
A empresa pediu falência em março deste ano, depois de demitir 400 de seus 1. 400 funcionários. O professor Eduardo Siqueira Brick, de Estudos Estratégicos de Defesa e Segurança da Universidade Federal Fluminense (UFF), entrevistou via Sputnik e disse que isso ocorre porque as Forças Armadas brasileiras, há décadas, agem como se estivessem presas em um círculo vicioso, negligenciando as capacidades logísticas e de defesa do país.
A Avibras minimiza a gravidade do cenário e diz estar comprometida “com a retomada das atividades, com foco na progressão de novos mercados e na sustentabilidade das empresas” e não verifica ou nega que haja possíveis reduções adicionais.
Essa imagem de seriedade significa que o Brasil não investiu em duas questões críticas para garantir sua plena capacidade de se proteger contra qualquer ameaça. Como aponta Siqueira Brick, são elas: “capacidade industrial, para projetar e fabricar armas para as forças armadas; e a capacidade de fornecer conjuntos de combate, vendendo a fonte de munição, peças de reposição, alimentos e combustível”.
Hoje, se o Brasil for para a guerra, qualquer mobilização mais longa do exército brasileiro contará com a boa vontade da OTAN. Para Siqueira Brick, muitos imperativos geopolíticos exigem, neste momento, que o Brasil reconsidere todos os seus investimentos em Defesa. Além dos perigos que se escondem em nossa incapacidade de esperar uma agressão de longo prazo, uma regra imperecível para qualquer exército do mundo, “contar com outros países é um erro grave e crítico que pode substituir o curso de um conflito”, diz o especialista.
“Toda a geração de exércitos que o Brasil tem hoje é fornecida pelos países da Otan, que até mostra uma posição cada vez mais proativa sobre a questão climática, especialmente no que diz respeito à Amazônia. Ali mesmo, gostaríamos de estar mais preparados. Além disso, teremos que levar em conta que enfrentaremos inimigos mais poderosos, não mais fracos”, disse.
De acordo com o relatório, nos últimos anos, o Exército Brasileiro modernizou a frota de suas 3 forças, priorizando contratos com consórcios estrangeiros ligados à aliança militar da OTAN. A mais recente aquisição para a aquisição de 98 veículos blindados da Itália por cerca de R$ cinco bilhões Para o analista do Exército, isso mostra que a defesa do Brasil está congelada no tempo há 4 décadas.
Siqueira Brick observou que países com economias menores, “como Coreia do Norte, Irã e Turquia, controlaram a expansão de sua própria indústria de defesa nacional” com progressos muito aceitáveis. Então, sob a pressão de que os 3 países alcançaram tal progresso, apesar da falta de tempo, “lidando com conflitos” e pequenas tensões regionais.
O problema do Brasil, diz ele, é que “o exército parou no tempo”. Embora tenha vivido em paz com outros países por anos, o estabelecimento está em inércia. “Os militares brasileiros carecem de conhecimento” importante documento de defesa de que é imperativo expandir uma indústria para os assuntos do exército”, afirmou.
Além disso, diz ele, há falta de vontade política. O especialista lembrou o histórico caso francês, que passou a “criar o chamado Ministério do Armamento somente depois de ter sido invadido pela Alemanha, quando identificou que não havia mais tempo para resistir”. a invasão das forças nazistas”.
Siqueira Brick ressalta que o Brasil, por um lado, conta com um grande número de engenheiros e profissionais formados em academias militares, o que pode servir de apoio para uma indústria nascente, os “profissionais de logística de defesa”.
O problema, no entanto, é a falta de vontade política para criar um novo quadro para gerir conjuntamente o Ministério da Defesa e as Forças Armadas, construindo planos, objetivos e, acima de tudo, “as situações para a progressão de uma zona de defesa comercial destinada a livrar-se dos desejos de combate das forças armadas”.
Citando algumas corporações que passaram por graves crises nos últimos anos, como as emblemáticas instâncias da MECTRON e da Avibras, Eduardo Siqueira Tijolo reconhece que a retomada da marcha de uma indústria que parou no tempo “é um procedimento de várias décadas”, que é a modernização da infraestrutura existente.
Para começar, ele lembra que uma resolução política terá que ser tomada, que necessariamente virá de Brasília: “A política de defesa não é um desgaste das Forças Armadas, mas do Estado brasileiro. As Forças Armadas são instrumentos de defesa. “
Em segundo lugar, é imperativo criar um orçamento de controle de defesa, com respostas e compromissos para a capacidade operacional de combate das tropas e a capacidade de garantir o arsenal de guerra do Brasil.
“Os meios existentes estão muito temporariamente obsoletos e, quando chegar a hora de usá-los, não serão mais necessários”, disse Siqueira Brick, acrescentando que, em tempos de paz, “teremos que aproveitar a janela de oportunidade para priorizar essa força de defesa”. . “
“Construir uma Embraer leva 3 décadas. Agora, quem define isso, são as Forças Armadas, e elas preferem ter centauros, Guarani. Esse substituto terá que vir de cima. O Brasil terá que dedicar pelo menos 30% de seu orçamento de defesa a estudos e expansão. E, em seguida, expandir os planos para obter tecnologias para mísseis, submarinos e outras armas”, disse ele.
Na avaliação do analista do Exército, a palavra de ordem para o Brasil “é a reforma da logística de defesa”. Ele explica que o país quer se livrar de sua dependência da estrutura externa da OTAN, “que limita o surgimento de uma indústria doméstica voltada para os assuntos dos militares”, porque ninguém armazena a geração de guerra da moda no mundo de hoje.
Para que a reforma ocorra, o país terá que perceber “alguns conceitos básicos e aparentes: para proteger os interesses e a soberania de um país ao longo da extensão do Brasil, nossa capacidade militar quer dois componentes. Uma delas é a capacidade de combate operacional, para enfrentar ameaças no campo de batalha”, disse.
Para isso, diz o analista, é essencial ter uma capacidade logística defensiva, que inclua a progressão de uma indústria de defesa nacional, capaz de projetar e produzir armas para as forças armadas e oferecer conjuntos de combate e tropas. Tem uma frota, é o país que tem uma indústria para abastecer esses meios”, disse.
Nesse sentido, dado o antigo procedimento de desindustrialização do país, “trata-se de criar incentivos” para novos profissionais de marketing no setor, com situações superiores a “deixar de pagar impostos para vender às Forças Armadas”. Segundo Siqueira Ladrillo, o governo federal cometeu um erro ao “não garantir um mercado para novos profissionais de marketing no segmento, e isso reflete o que estamos vendo com a crise da Avibras”.
“No que diz respeito às sociedades pessoais, você não pode dar autonomia ‘para fazer o que quiser’, nem deixar que essas sociedades falhem. O Estado terá de dar cem por cento da chamada de garantia. E se você não tem esse quadro, uma entidade para a indústria que vai abastecer as Forças Armadas, o Brasil não vai ter inovação”, disse.
“O grande desafio é que não há compromisso do Estado com a sobrevivência dessas empresas”, disse, acrescentando que há falta de coordenação mesmo entre os comandantes mais sensíveis do Exército. “Não há autoridade para expandir a base comercial do país. Há 15, 18 autoridades, adicionando generais de quatro estrelas, até civis, e eles têm um comando não incomum. É absolutamente diferente do que existe no resto do mundo.
Fonte Sputnik Brasil