Neste domingo de Páscoa, Sérgio Conceição abriu o livro sobre a carreira ligada ao futebol e definiu-se a si próprio como alguém com um “feitio especial” e que “não gosta de injustiças“. O treinador esteve à conversa com Vítor Baía e Jorge Costa na rubrica ‘FC Porto em casa’. “Essa irreverência toda que existia quando era jovem continua agora como treinador. Agora enquanto treinador tenho perdido algumas coisas, mas ganho muitas mais. Tenho um feitio especial. Tem a ver a com a frontalidade que tenho e de não gostar de injustiças. Cresci num meio simples, mas de muita honestidade e com uma capacidade de sofrimento e de trabalho acima do normal”, apontou o técnico dos azuis e brancos.
Conceição considera ainda que a dita mística dos dragões é agora algo mais difícil de encontrar no plantel do que no passado, apesar de tecer rasgados elogios ao conjunto de jogadores que orienta. “A mística era muito mais fácil quando um treinador entrava num balneário e encontrava uma espinha-dorsal de jogadores formados no clube, que conhecia a realidade do FC Porto. Hoje encontro uma certa dificuldade em dar a perceber ou incutir esse espírito, mas encontram-se outras facilidades, como no profissionalismo, na dedicação, são jogadores absolutamente fantásticos aqueles que eu treino, sou conhecedor de várias gerações pertenci a várias gerações e sei aquilo que estou a dizer. Hoje o jogador é mais consciente do seu trabalho, do que é necessário para se chegar ao topo”, considerou o timoneiro dos azuis e brancos.
Jorge Costa definiu o Conceição como “uma pessoa insatisfeita por natureza” e relembrou os tempos quando eram colegas de equipa. “Jogar com o Sérgio era fácil…. difícil era quando ele não jogava. A minha relação com o Sérgio era muito especial. Tem um coração enorme, mas é muito especial. Temos de conhecer bem a personagem”, referiu o antigo central. Vítor Baía, por seu turno, destacou o caráter competitivo do treinador. “O Sérgio era de uma competitividade incrível, tal como é agora como treinador. Não era mal-educado, mas era insaciável quando não jogava, fazia tudo para jogar e de facto jogava.”
Ainda nessa mesma rubrica, Baía foi questionado se considerava ser o melhor guarda-redes português de todos os tempos. A resposta saiu facilmente. “Não há dúvidas nenhumas”, começou por referir antes de proceder a uma explicação mais pormenorizada. “Para sermos simpáticos e politicamente corretos, temos de ter cuidado. Com a minha idade e experiência, não tenho dúvidas nenhumas relativamente a isso. Já cansa um pouco. Há gerações que não nos viram jogar e que não têm noção do nosso valor. Durante esta pausa tem dado muitos jogos e as pessoas começam a pensar: ‘realmente aqueles rapazes jogavam muito’. Estamos cansados de ser bons rapazes. Éramos os melhores. Não tenho dúvida alguma”, atirou Baía.
O antigo guardião comentou ainda a ausência entre os eleitos de Luiz Felipe Scolari para o Europeu de 2004 e considerou mesmo ter havido “interferências externas” que ajudaram a isso. “Continuo a não saber o motivo e a razão pela qual não fui chamado, aquele ano foi particularmente extraordinário, vencemos tudo, fui considerado o melhor guarda-redes da Europa, e nada faria prever um desfecho daqueles. A única pessoa que sabe e ainda não partilhou com ninguém é o senhor Scolari. Falou de opções, disse ‘sabes como é, nós chegámos e não sabemos bem onde estamos, as pessoas que nos rodeiam…’, ou seja, notou-se que houve ali interferências externas, mas não sou pessoa de rancores, ódios, a única coisa que sei é que saí prejudicado, o senhor Scolari saiu prejudicado e a Seleção Nacional também saiu prejudicada. É a única coisa que sei no meio disso tudo”, disse Baía.
No Sporting, Battaglia aproveitou estes tempos de isolamento social para recordar uma das melhores exibições da carreira na noite em que teve de marcar Messi dentro das quatro linhas. Em setembro de 2017, o FC Barcelona venceu o Sporting por 1-0, mas mesmo assim o nível demonstrado pelo médio argentino no relvado deu que falar, muito por culpa de Jorge Jesus, então treinador dos leões. “Estou muito agradecido a Jorge Jesus. Tornou possível que eu esteja hoje no Sporting e ensinou-me muitíssimas coisas. Nos jogos anteriores ao do Barcelona, a contar para a Liga, mandava-me sempre marcar individualmente um dos jogadores adversários. Por isso, com o Barça imaginava que pudesse fazer o mesmo”, começou por referir Battaglia nas redes sociais.
“No primeiro treino da semana, disse-me: ‘Batta, vais marcar o baixinho’. Não lhe podia dizer que não… ‘Em todo o campo, mister?’, respondi. E ele: ‘Sim, em todo o lado!’. Sinceramente, senti um pouco de vergonha. Seguir o melhor jogador do mundo para todo o lado… Foi a primeira vez na minha vida que tal aconteceu. O mister até me mandou vídeos dele, eu disse que já via todos os jogos, mas ele insistiu. Vi os vídeos com o mister ao lado e graças a Deus correu bem. Perdemos 1-0, com um autogolo, mas fizemos um grande jogo. E acabou por ter repercussões na minha carreira”, contou Battaglia, assumindo depois que o “maior desejo” que tem a curto prazo é voltar a representar a seleção argentina.
Ainda no futebol português, são muitas as saudades do futebol e neste domingo Pepa partilhou esse mesmo estado de espírito. “O que sinto mais falta é da relva, do balneário, do treino e da bola. Tenho mesmo muitas saudades de fazer o que mais gosto. A minha grande paixão é o futebol e sinto mesmo muita falta”, destacou o treinador do FC Paços de Ferreira em declarações ao site da ‘Liga Portugal’. Ainda assim, Pepa frisou a importância de adotar um comportamento de responsabilidade nestes tempos de pandemia. “Vamos ser responsáveis, pacientes e acima de tudo termos todos a certeza de que a escuridão que nos assola, rapidamente será iluminada. Estamos juntos e precisamos de ser verdadeiramente unidos neste momento e no que está para vir.”
Com o futebol em tempos incertos, a FIFA já deu conta de que o período de inscrição de novos jogadores não estará aberto a 1 de julho. “A FIFA não pode estender os contratos além de 30 de junho, mas as janelas de transferências não serão as mesmas e os jogadores não poderão ser registados a 1 de julho, pois o mercado não vai estar aberto”, referiu Emilio García Silvero, diretor jurídico da FIFA, em entrevista à rádio espanhola ‘Cadena Cope’. O dirigente deixou em aberto a possibilidade de haver novas janelas de transferências, que irão depender de quando as competições são reatadas. Para além disso, apontou que um jogador emprestado poderá regressar ao clube de origem a 30 de junho, mas não irá poder jogar nesse momento.
Mas, nem em todos os sítios o futebol está parado. São poucos, mas alguns, os países que ainda resistem à propagação da pandemia. O Tajiquistão é um deles. Fique a conhecer aqui a história do país asiático que tem o frio como antídoto para a bola rular numa ‘ditadura’.
Um dos países onde o desporto rei está sem efeito de momento é a Alemanha. No entanto, o António Tadeia aproveitou esta pausa para lhe dar a conhecer as histórias dos proprietários das equipas da Bundesliga em mais uma edição da rubrica ‘Os Donos da Bola’. Para ler aqui.
Continuamos pelo estrangeiro, mas viajamos agora até ao Brasil, de onde chega mais uma história dos métodos levados a cabo por Jorge Jesus no Flamengo. “O mister é um ‘cara’ inteligente, que vive o futebol intensamente. Trouxe motivação para mim e para todos. Desde o primeiro dia começou a falar em conquistarmos tudo. Fomos crescendo e atingimos outro patamar”, disse Vitinho em declarações aos meios de comunicação oficiais do emblema do Rio de Janeiro. O atacante de 26 anos fez ainda um balanço da evolução com o técnico português. “Puxa-me a orelha, mas também fala das coisas certas. No início do ano, corrigiu-me muito e tirei lições. Evolui e fiz grandes jogos. Mostrei para mim mesmo que podia fazer mais. Todos me apoiaram muito e estou grato a toda a equipa técnica por isso.”
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