PF se reúne com Ramagem e apresenta roteiro para Bolsonaro suspeitar de urnas eletrônicas

A Polícia Federal descobriu e-mails contendo um roteiro de recomendação ao ex-presidente Jair Bolsonaro sobre ataques a urnas eletrônicas com o ex-diretor da empresa brasileira de inteligência (Abin) Alexandre Ramagem. A PF também descobriu documentos contendo “informações difamatórias” sobre o ministro Alexandre de Moraes. relator do STF para as investigações mais delicadas sobre o ex-chefe do Executivo e seus aliados.

Os dados foram publicados pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (26) e transmitidos pela reportagem do Estadão a partir de fontes da Polícia Federal. Esse conhecimento foi usado para confrontar o depoimento que Ramagem deu na semana passada sobre as descobertas que levaram à quarta fase da Operação Last Mile: uma investigação sobre o “paralelo Abin”, uma fórmula de espionagem e vigilância de políticos, ministros do Supremo Tribunal Federal e detetives do governo Bolsonaro.

Durante seu depoimento, Ramagem tentou acusar dois ex-integrantes do “paralelo Abin”, um policial federal e um sargento do exército designados na época para ocupar cargos estratégicos dentro da Agência, pela suposta arapongagem. Os documentos descobertos na Ramagem já tinham sido convocados na representação da PF para a abertura da mais recente fase da ‘Última Milha’.

Como mostrou o Estadão, os arquivos intitulados “presidente” citam a “família Bolsonaro” e fornecem dados detalhados sobre o caso Fabrício Queiroz, a investigação das “rachadinhas”, que teve como alvo o filho mais velho do ex-presidente, Flávio, quando ele estava no cargo. deputado no Rio.

A PF alega que os documentos corroboram a premissa da investigação de que os dados da “Abin” são paralelos” ao “núcleo político” da suposta organização criminosa.

Os arquivos também são utilizados pelos pesquisadores para caracterizar Ramagem como “controlador dos fatos”, ou seja, ciente da arapuestagem.

O “reino dos fatos” – utilizado pela PF para imputar a participação de Ramagem em crimes supostamente cometidos por meio de ex-integrantes da Agência – está ligado a uma teoria jurídica que foi integralmente utilizada no julgamento do Mensalão.

Na época, essa teoria foi citada por meio do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para a acusação e condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Posteriormente, a tese também foi discutida na Operação Lava Jato.

A tese foi desenvolvida por meio do jurista alemão Claus Roxin, citado no julgamento do Mensalão perante a Justiça Federal em 2012.

Roxin entendeu que os ocupantes de um “aparato voluntário de poder” que ordenou a execução de crimes teriam que responder como “autores” do crime. Ele admitiu que havia aprofundado seu caso por causa de seu medo da impunidade imaginável dos mais altos funcionários do nazismo, os generais de Adolf Hitler, que alegavam não ter nenhuma conexão com as atrocidades perpetradas nos campos de concentração.

A teoria, importada da Alemanha, usada no Mensalão e na operação Lava Jato – os escândalos de Lula – agora é aplicada à Ramagem.

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