O futuro do Campeonato de Portugal está fora do terreno de jogo

Depois dos escalões jovens e femininos, o Campeonato de Portugal. A FPF confirmou hoje a anulação da temporada na sua principal prova (com exceção da Taça, claro está), bem como em todos os escalões não profissionais como já tinha sido avançado. Não haverá vencedores, nem o tradicional regime de subidas e descidas, sendo que os clubes que serão promovidos à Segunda Liga irão ser anunciados em breve.

Assim, a Federação “entendeu dar por concluídas, sem vencedores, todas as suas competições seniores que se encontram nesta data suspensas, não sendo atribuídos títulos nem aplicado o regime de subidas e descidas. A FPF analisará e comunicará com a maior brevidade possível de que forma serão indicados os dois clubes que acedem à II Liga de futebol, bem como os representantes de Portugal na Liga dos Campeões de futebol feminino e de futsal masculino”, acrescentou.

Convencido que será um desses clubes a subir de divisão está o FC Vizela, equipa com a melhor pontuação nas quatro séries do Campeonato de Portugal: “Não havendo mais jogos, como interpreto do comunicado, é impensável que o Vizela não suba. É uma decisão que nos deixa contentes. Estamos satisfeitos, é uma primeira vitória, um primeiro passo, falta a FPF anunciar que o Vizela sobe” afirmou Diogo Coutinho, presidente da SAD do clube à Lusa. “Não era isto que queríamos, mas tínhamos a certeza de que íamos estar no play-off de acesso à Segunda Liga e conseguir o nosso objetivo. Acontecendo isto, e não havendo mais jogos, como interpreto do comunicado, não há nada que possa levar a FPF a não incluir o Vizela nesse lote: é a que tem mais pontos [das quatro séries], melhor score e esteve em primeiro desde o início”, afirmou o treinador do clube.

Os quatro clubes que lideram as séries da competição já se manifestaram após o anuncio da FPF desta tarde e cada um tem a sua própria posição. Para o FC Arouca, a FPF “deve indicar os dois clubes que conseguiram obter melhor resultado classificativo (entenda-se mais pontos) até à data da suspensão da competição. Só desta forma se poderá garantir e valorizar a dedicação, esforço e mérito dos jogadores que compõem as equipas nesta competição e, consequentemente, a verdade desportiva”, anunciou o clube em comunicado.

“É mais do que justo o Praiense subir, como todos os outros clubes que estão em primeiro lugar também devem achar que deviam subir. Quem está em primeiro, é porque merece estar em primeiro”, afirmou Marco Monteiro, presidente do clube, à Lusa. “Excecionalmente, a Federação tinha de arranjar uma solução, juntamente com a Liga, de não prejudicar quem, por mérito próprio, estava nos primeiros lugares. Na pior das hipóteses, deviam subir quatro. O Praiense devia mesmo subir, incondicionalmente”.

Por seu lado, o Olhanense sugeriu a realização de um play-off como o método mais justo para apurar os clubes que sobem à Segunda Liga para a temporada 2020/2021. “O Campeonato de Portugal deve ser decidido em campo e a decisão da subida deve passar por um play-off com as melhores equipas, sejam elas quatro ou oito. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) deve olhar para a meritocracia dentro do campeonato”, afirmou o presidente da SAD dos algarvios, Luís Torres, à Lusa. “Há outros métodos. Uma subida na secretaria não pode ser decidida com base em pontos. Se fosse uma só série, era justo. Havendo quatro séries, que não são iguais, seria ilógico eleger duas equipas com base na sua pontuação atual”, acrescentou o dirigente.

A decisão da FPF tem ainda repercussão nos escalões distritais e a AF Porto já confirmou como se irá proceder em matéria de promoções: “A Associação de Futebol do Porto dá por concluídas todas as competições seniores (futebol, futsal e feminino). Em igualdade de circunstância com o já determinado nos escalões jovens, subirão à divisão superior os clubes que se encontrarem nos lugares de acesso (ou seja classificados nos primeiros lugares) na data em que foi determinada a suspensão das provas (10 de Março de 2020), não havendo, consequentemente, descidas. Se no escalão de topo superior não ocorrerem subidas para o nacional, excecionalmente, este escalão, sofrerá o aumento necessário para inclusão dos clubes devidos, situação que será corrigida na época seguinte” anunciou a Associação em comunicado.

FPF que anunciou ainda que irá cobrir os salários dos jogadores não profissionais, mas apenas aos clubes cumpridores. “Decidimos acrescentar ao milhão de euros disponibilizado anteriormente um novo fundo, de 4,7 milhões de euros, para auxiliar associações e clubes”, anunciou o organismo em comunicado. Uma decisão que recolheu o apoio das entidades sindicais ligadas ao futebol.

Sebastián Coates não quer sair do Sporting, mas não fecha a porta à saída já que o clube de Alvalade poderá precisar de vender num futuro próximo. “Não sei o meu futuro. Nunca sabemos o que pode aconter. Estou muito confortável no Sporting, sou um dos jogadores que mais joga, um dos mais antigos e gosto muito de Portugal. Hoje não penso em experimentar outras ligas, mas amanhã o clube pode ter de vender”, afirmou em entrevista à Rádio 1010.

Para Tiago Silva, hoje ao serviço do Nottingham Forest, o Championship é uma das ligas mais competitivas do Mundo. O antigo médio do Feirense traçou as principais diferenças entre o futebol inglês e o português, deixando o sonho de um dia vir não só a jogar na Premier League, como em Espanha. “Quando saí do Feirense, tive algumas propostas de clubes portugueses, mas queria experimentar outro futebol. Em Portugal, e foi isso que também me cansou, o jogo está sempre parado: notei muitas diferenças em relação a isso. Eu sou um jogador que sofre algumas faltas, mas reconheço que também cavo algumas faltas”, contou em entrevista ao Mais Futebol.

O antigo médio do Belenenses e do Feirense espera um dia vir a jogar em Espanha pois considera ser esse o futebol mais bonito do Mundo: “Não quero morrer sem experimentar a Premier League. Acho que é o auge da carreira de qualquer jogador, tirando naturalmente a Seleção A. Mas também tenho a ambição de um dia jogar em Espanha. Até tive a oportunidade de dizer isso numa entrevista há pouco tempo: o futebol espanhol muitas vezes é demasiado bem jogado que até aborrece. As pessoas veem o Barcelona jogar e dizem que já aborrece: aquele futebol curto… Mas é isso que me cativa: o futebol bem jogado. Não digo que não goste do futebol jogado em Inglaterra. Gosto! Mas é jogado mais com o coração do que com a cabeça. E Espanha não: é tudo muito pensado e bonito” afirmou na mesma entrevista ao Mais Futebol.

A pandemia de Covid-19 continua a limitar o funcionamento normal dos vários clubes mundiais e, hoje, foi a vez do Sevilha FC confirmar a entrada em regime de lay-off. “A suspensão por tempo indeterminado da Liga e das competições europeias afetaram substancialmente a atividade do clube, razão pela qual a administração (…) decidiu apresentar um ERTE. Foi alcançado um princípio de acordo com o plantel principal e equipa técnica, que se finalizará nos próximos dias”, anunciou o clube orientado por Julen Lopetegui onde joga, também, Rony Lopes.

Por cá, hoje foi dia do FC Penafiel também entrar em regime de lay-off, com o clube penafidelense a acusar o Sindicato de ser responsável pela situação: “Todos percebemos que estamos numa pandemia e toda a gente deve contribuir um bocadinho. Para se manter os postos de trabalho, temos todos de abdicar um pouco das nossas receitas, para não ser terra queimada no regresso. Dos funcionários do clube, incluindo os jogadores, senti a responsabilidade que o sindicato [SJPF] deveria ter e não teve. Avançámos para um ‘lay-off’ simplificado com redução do horário de trabalho [os salários são cortados em um terço, salvo as exceções previstas na lei]”.

Já a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) receia “aproveitamento indevido” das SAD precisamente devido a essa entrada em lay-off. “Lamentavelmente, e apesar de já terem recebido as receitas provenientes dos direitos televisivos relativos ao mês de março, conforme noticiado na comunicação social, receia a ANTF que se esteja a verificar um aproveitamento indevido e imoral da crise que o país enfrenta por parte de algumas daquelas SAD, designadamente com o recurso indevido ao regime do lay-off, por forma a procederem ao seu saneamento financeiro, à custa dos seus treinadores, em particular, e dos trabalhadores, em geral”, afirmou o organismo em comunicado.

Ontem que ficou a saber-se que os clubes portugueses se comprometeram a não contratar qualquer jogador que venha a rescindir contrato com outro em virtude das dificuldades financeiras impostas pela pandemia que o Mundo atravessa. Ora esta cartelização “injusta e nada inteligente” foi alvo de reflexão por parte do António Tadeia no Último Passe de hoje que pode ler aqui.

Ora a pandemia poderá levar a que os campeonatos venham a ser anulados o que impediria o Liverpool FC de festejar o primeiro título em 30 anos. Sadio Mané confessou que se tal acontecesse era triste, mas nada a fazer: “Quero ganhar os jogos e quero conquistar o troféu. É o que ia adorar, mas com esta situação, o que acontecer vou perceber. Tem sido difícil para o Liverpool, mas tem sido mais difícil para milhares de pessoas em todo o mundo. Algumas pessoas perderam familiares e isso é a situação mais complicada. Para mim, é o meu sonho e quero ganhar este ano. Se não for o caso, vou aceitar, é a vida. Deus queira que ganhemos no próximo ano”, afirmou ao Talk Sport.

Em entrevista ao Mais Futebol, o presidente da Associação de Médicos de Futebol (AMEF) considera “otimista” a possibilidade de um regresso do futebol em maio, mas não exclui essa possibilidade. “As datas são especulativas, como é óbvio. O plano é otimista, mas não irrealista. Até dia 17 de abril vamos ter estado de emergência, garantidamente. Não me admirava que fosse prorrogado até final do mês de abril. Se isso acontecer, acredito que seja possível, a partir de maio, retomar a atividade desportiva, de forma gradual. E se for assim, até será possível começar, no final de maio, a primeira das dez jornadas que faltam. Agora se daqui a uns dias ou daqui a umas semanas isto disparar…”, afirmou João Pedro Mendonça.

Para o clínico, o futebol tem de ir atrás das indicações da DGS, mas “não pode ser mais papista do que o Papa”. “Uma pessoa de 70 anos com patologia cardíaca ou respiratória, é diferente de uma pessoa saudável de 20 anos. O comportamento deve ser inteligente: grupos de risco devem ter procedimentos mais restritivos, se calhar confinados mesmo. Os outros, que à partida não têm esse risco, não devem comportar-se da mesma forma. Devemos retomar a vida normal, com balizas definidas pela DGS. Os atletas, como é evidente, fazem pare dos grupos de pessoas que têm menos risco”, afirmou.

Apesar de tudo, nem todos os clubes parecem estar a ser totalmente afetados pela paragem da competição já que hoje o Bayer Leverkusen anunciou a contratação de um novo guarda redes para a próxima temporada. Trata-se de Lennart Grill, de 21 anos, que deixa o Kaiserslautern a troco de dois milhões de Euros e assina com os farmacêuticos até 2024. Contratação que acontece dias depois do Leverkusen, em conjunto com outros dos principais clubes alemães, ter contribuído para uma linha de crédito que visa ajudar os emblemas germânicos que venham a ter dificuldades financeiras devido à perda de receitas nos próximos tempos.

Por fim, hoje foi dia de homenagem dos vários jogadores que passaram pela mão de Radomir Antic, antigo treinador do Atlético de Madrid, que fez história ao se tornar no único a comandar os três grandes do futebol espanhol. Antic morreu ante ontem e, hoje, conto-lhe quem foi este homem, que levou o Atlético do Céu ao Inferno em poucos meses, mas que meteu os Colchoneros a jogar como anjos.

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