Os pedidos de impeachment e a CPI contrária a Alexandre de Moraes

Senadores federais e deputados do campo bolsonarista se manifestaram nesta terça-feira (13) perante o TPI e a destituição do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

 

A Folha de S. Paulo revelou nesta terça-feira que o gabinete do ministro havia solicitado, por meio de mensagens e de forma extraoficial, a elaboração de relatórios do Tribunal Superior Eleitoral para embasar as decisões de Moraes contra colaboradores de Bolsonaro na investigação de fake news e após as eleições de 2022.

 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que a reportagem pode simplesmente configurar crime e interferência ilegal nas eleições em que seu pai derrotou por meio de Lula (PT).

 

“Se isso for demonstrado aqui, é uma prova de interferência direta através do presidente do TSE dando ordem para prejudicar um candidato. Desequilíbrio na briga presidencial. foi isso”. interferências, amigos, diretos, criminosos”, disse Flávio na consulta plenária do Senado. “Se isso for demonstrado, cabe a este plenário não tomar providências”.

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) republicou vídeos do discurso do filho, mas não falou diretamente sobre o caso.

 

O Senado é, por lei, a câmara responsável por analisar e votar possíveis pedidos de impeachment contra ministros do STF.

 

Moraes disse, em nota, que “todos os procedimentos foram oficiais, normais e devidamente documentados nas investigações e inquéritos em curso no STF, com a participação integral do Ministério Público”.

 

Por parte do governo, a história foi tratada com ressalvas. Políticos do PT que se expressam explicitamente nas redes sociais permaneceram em silêncio nesta terça-feira, incluindo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do partido no Senado, Jaques Wagner (BA).

 

No campo bolsonarista, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) já havia elaborado uma nova petição contra Moraes e agora diz que está correndo para apresentá-la a tempo de entregar o documento nesta quarta-feira (14).

 

“Espera-se que o relatório peça um impeachment massivo, que já tem o apoio de mais de 12 senadores e dezenas de deputados. Mas espera-se que esse número aumente”, disse ele.

 

Embora isso nunca tenha acontecido na história, os apoiadores de Bolsonaro estão pressionando para demitir ministros da mais alta corte do país.

 

Durante seu governo, Bolsonaro introduziu uma ofensiva de ataques contra os poderes, acrescentando ameaças de golpe de Estado. A investigação revelou um complô dos aliados do ex-presidente para salvar Lula de tomar a eleição.

 

Moraes já foi alvo de diversos pedidos de impeachment. Contudo, os bolsonaristas não obtiveram maioria para promover estas reivindicações.

 

“O rei está nu! Nós o avisamos desde o início do nosso governo!É essencial regressar à normalidade democrática. (. . . ) O Senado terá que se posicionar e cumprir seu papel, mesmo que não seja fácil para o ministro respeitar a Constituição, abrindo processo de impeachment”, escreveu em suas redes sociais o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e ex-líder da oposição na Câmara.

 

O pastor Silas Malafaia, melhor amigo de Bolsonaro e crítico ferrenho de Moraes, pediu a legitimidade do juiz de paz para continuar liderando o STF e pediu seu impeachment.

 

“Que moralidade ele tem para presidir a investigação sobre Abin Paralela? Quem é ele? Quem é ele para continuar presidindo uma investigação imoral e ilegal de notícias? Um cara que usa a força que tem, a posição que tem para fazer política perseguição publicitária”, diz ele.

 

“Dizer que os demais ministros do STF vão ficar calados, subordinados a esse ditador, é vergonha e desmoralização geral do STF, se ele continuar com o trabalho de seus pares. E se o Senado da República não fizer nada, como diz, diga para eles fecharem, que não vale nada”, acrescentou.

 

Na Câmara, os deputados de Bolsonaro uniram forças a favor do impeachment de Moraes e a favor de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar abusos de autoridade.

 

“Do ponto de vista dos acusados, infelizmente o ministro Alexandre de Moraes é novo. O que é transparente é o modus operandi na prática”, disse o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).

 

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais líderes da bancada bolsonarista na Câmara, falou no plenário e descreveu Moraes como um “mau caráter”, “mentiroso” e “covarde” que “esconde a toga”.

 

Ele por causa da renúncia de Moraes ou de sua demissão. Ele também defendeu o ministro, apontando que ele é suspeito em qualquer procedimento envolvendo apoiadores de Bolsonaro ou políticos de direita.

 

Em suas redes sociais, Nikolas disse que iria “pedir ao jornalista @ggreenwald [coautor da reportagem] que complete os documentos citados, para que possamos utilizá-los no TPI já apresentado à Câmara por abuso de autoridade”.

 

O ex-deputado e ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, também foi às redes sociais, dizendo que o que é relatado no relatório “é um comportamento mil vezes pior do que o que eles alegaram falsamente na Lava Jato”.

 

“Não há conluio, caso em que o ministro disse ‘faça isso, aja com segurança’. Não há conluio. “

 

Deltan se refere a mensagens pessoais que se tornaram públicas, primeiro na página online The Intercept Brasil, que mostravam uma atuação alinhada entre o ex-procurador e o juiz Sergio Moro, hoje senador do União Brasil.

 

Moro perguntou na terça-feira sobre a reportagem da Folha de S. Paulo, mas disse que ainda não a leu com atenção, apenas “olhou rapidamente” para ver se ela foi mencionada em sua ligação.

 

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