“Estamos muito empenhados em alcançar nosso propósito de nos tornarmos uma empresa global. Mas, para isso, queremos uma empresa local. ” Uma importante logomarca chinesa que busca se expandir para outros mercados fora da China e isso é especialmente vital na hora de tomar a decisão de ter sucesso no Brasil.
O FreeGameGuide se aprofundou para entender a estratégia seguida pelas principais marcas chinesas de tecnologia para garantir uma chegada bem-sucedida ao Brasil. E um ponto muito importante para que a expansão dessas corporações tenha sucesso aqui é ter uma associação local. “Queremos realizar atividades locais, operações e fazer negócios localmente. Nossa expansão no Brasil tem sido um sucesso graças à nossa colaboração com a SEMP”, revelou o executivo da TCL.
Mas será que as corporações brasileiras que entram em nosso país enxergam seus efeitos tão claramente quanto a TCL vê a SEM?Entrevistamos especialistas que criticam essa estratégia, destacando os perigos para as marcas nacionais, que podem simplesmente desaparecer quando compradas por meio de seu cônjuge estrangeiro ou pior. abandonado.
E ainda tem o mercado cinza, que se mostra um grande desafio para quem precisa introduzir marcas estrangeiras no Brasil. Segundo dados da IDC, um em cada 4 celulares vendidos no Brasil vem do contrabando, contrabando ou mercado cinza.
O ano de 2015 e o mercado de smartphones no Brasil e no mundo são muito diferentes do que vemos hoje. O apetite por celulares de todas as categorias aumenta ano após ano e, apesar disso, a tão esperada chegada da Xiaomi em nosso país tem sido um fracasso notável.
Entre os erros da marca, podemos destacar aqui a insistência em lançar apenas gadgets incrivelmente fundamentais que seus “mid-fans” não tinham interesse em comprar. Como resultado, o marketing boca a boca não decolou. A empresa também “esnobou” as lojas nacionais, responsáveis pela grande maioria das vendas de celulares no Brasil, para vender celulares exclusivamente nas lojas físicas da Vivo.
Antes de conseguir lançar um celular de gama média que agradasse ao gosto brasileiro, ou mesmo um celular topo de linha, a operação local da Xiaomi fechou as portas.
Hugo Barra, então presidente de relações exteriores da marca, entenderia que o gigante mercado interno brasileiro é tão especial quanto atrativo. E por um momento, a Xiaomi precisaria de uma estratégia que aprendeu com a TCL e outras corporações chinesas de sucesso. aqui.
Enquanto a Xiaomi tentou primeiro importar sua estratégia de negócios, focando em seu próprio site online e marketing boca a boca, a TCL gostou de vir ao Brasil em 2016, comprando 40% da empresa brasileira SEMP, que tinha acabado de fechar uma parceria. com a empresa japonesa Toshiba.
A logomarca nacional fabricaria televisores chineses por aqui e, ao mesmo tempo, ajudaria a TCL a perceber o mercado brasileiro. Foi só em 2020, confiante de que tudo estava a correr bem, que a TCL tomou a decisão de comprar mais 40% da SEMP e assim assumiu a empresa, que hoje se chama simplesmente TCL SEMP.
Ao adquirir a SEMP, a TCL investiu pesado em sua fábrica de TV no Amazonas e também estabeleceu seu negócio de ar condicionado no país.
Essa abordagem funcionou tão bem para a TCL que sua estratégia de conquistar o mercado global também se repetiu na Argentina, com a Rádio Victoria, e na Europa, com a Alcatel. Em todas essas regiões, a TCL fabrica televisores e outros dispositivos, empregando muitas das tecnologias mais avançadas da China. Componentes de última geração, como apresentações e semicondutores.
Um componente gigante dos materiais da TCL acaba vindo da China porque a linha de produção é mais eficiente por lá. Enquanto o logotipo atinge uma média de 160 dias de vendas na América Latina, esse número cai para 60 dias na China. “Ainda temos estoques de matéria-prima e fatores no Brasil e no resto da América Latina, e pretendemos aumentar nosso giro de estoque para que possamos dizer que estamos localizados”, concluiu Hu em entrevista exclusiva ao FreeGameGuide na 2024 Global Partner Conference, em Wuhan, na China.
A estratégia da TCL funciona bem por uma série de razões, mas sua aplicação no mercado de smartphones pode não ser tão simples devido a um obstáculo principal: o mercado cinza.
Segundo Andreia Sousa, analista de clientes da IDC, revelou ao FreeGameGuide, se o mercado de desvio ou contrabando fosse uma marca, seria a segunda maior distribuidora de smartphones do Brasil, respondendo por 25,3% de todas as vendas de celulares no país no último ano. último trimestre de 2023.
No total, os brasileiros compraram 6,1 milhões de smartphones que chegaram ilegalmente ao país e foram vendidos no mercado interno a custos muito inferiores aos cobrados por meio de representantes brasileiros de marcas chinesas como Xiaomi, Realme e Oppo.
Os dispositivos da marca Xiaomi são distribuídos ultimamente através da DL brasileira, o que facilita todos os trâmites legais para carregar produtos chineses por aqui e também fornece uma garantia para seus celulares. Neste modelo, a DJI surgiu através do Grupo Multi, Realme através da DDM Brands e Oppo. Busca agora um percentual significativo do mercado nacional em parceria com o Grupo Magalu.
Com outra abordagem, a Positivo Informática, que tem parceria com a chinesa Transsion, detentora da logomarca Infinix. Neste caso, a empresa brasileira introduzirá um logotipo absolutamente desconhecido aqui, evitando assim festivais com um mercado cinza pré-existente. O Positivo também fabrica localmente smartphones Infinix e está ajudando a Transsion a expandir seus modelos para o mercado nacional.
Mas será que todo esse movimento faz sentido em um mercado cinza que não paga impostos e oferece os mesmos produtos e menos caros?Para entender essa dinâmica, ouvimos o analista de mercado Silvio Meira, que critica as empresas brasileiras por trazerem marcas chinesas para cá. .
O analista vê uma situação vantajosa para a fabricante estrangeira de smartphones. A empresa brasileira promove o logotipo localmente, presta serviços técnicos e cuida de toda a burocracia local em troca de um número insignificante de vendas em comparação com o comprimento do cinza. mercado. A empresa chinesa está ganhando notoriedade e é capaz de vender smartphones e outros dispositivos eletrônicos em duas frentes: no mercado oficial e no mercado cinza.
Meira já apoiou corporações chinesas em sua expansão global, sozinha e com parceiros locais. E quando se deparam com barreiras regulatórias, procuram táticas para contorná-las por meio de grandes investimentos e, muitas vezes, compras de parceiros locais.
O analista acredita que tudo pode acontecer no Brasil, mas em um cenário ainda menos vantajoso para as empresas locais, que acabam tendo que competir com suas empresas chinesas no mercado cinza.
Positivo, Grupo Multi e DL disseram ao Canaltech que tomaram os cuidados obrigatórios e percebem que seus parceiros chineses apreciam o que conquistaram aqui pelos seus lopasses: reconhecimento de lopass, parcerias com lojas locais e conhecimento do mercado local. Porém, todos admitem, em maior ou menor grau, a ameaça de fazer negócios com uma empresa global que poderá eventualmente deixar de fazer isso sozinha, quando já pensa que conhece o suficiente sobre o mercado brasileiro.
Entre as corporações locais que concordaram em falar sobre o assunto com o FreeGameGuide, a marca Paraná Positivo, que fabrica smartphones Infinix no Brasil, tem crédito por manter os custos baixos o suficiente para desestimular as vendas no mercado cinza.
O Positivo também colabora na progressão de novos produtos que chegam ao Brasil e é culpado pela “nacionalização” do software Infinix. “Isso está ajudando o Positivo a crescer”, disse Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de negócios de clientes da empresa.
O conceito é que, além dos lucros gerados com a venda de aparelhos da marca chinesa, o Positivo ganhe ao manter suas linhas de produção ocupadas, podendo assim empregar uma equipe durante todo o ano que também pode expandir seus próprios produtos.
Para uma pequena empresa local, as oscilações nos preços dos componentes são fatores de risco, já que as peças podem custar R$ 10 no momento da compra e R$ 2 seis meses depois, deixando o produto final mais caro que a concorrência, que conseguiu produzir mais unidades. com o novo preço da moeda.
Já o DL é o brasileiro que tem o maior desafio pela frente. Devido à popularidade da Xiaomi e suas submarcas, o mercado ilegal de seus smartphones no Brasil é enorme. Uma fonte FreeGameGuide com acesso confidencial ao mercado De acordo com o conhecimento, um milhão de celulares Xiaomi foram vendidos ilegalmente no Brasil ao mesmo tempo em 2023, em que a DL só conseguiu colocar 20 mil dispositivos nas mãos dos consumidores.
Procurada via FreeGameGuide para comentar, a DL disse que divulgou números oficiais de vendas de seus parceiros, como a Xiaomi, mas disse que o número de vendas oficiais feitas por meio da DL em 2023 reveladas por meio da fonte seria inconsistente.
A distribuidora oficial da Xiaomi aguarda medidas do governo federal para mitigar a chegada de celulares contrabandeados ao país e também dá um prazo para que os consumidores verifiquem se seus aparelhos são legais ou se chegaram ao país ilegalmente.
No entanto, o desafio é multifacetado. Há o desafio do contrabando, que é um crime em si, e o recebimento e venda de produtos ilegais facilitados por meio do varejo online no Brasil. Uma vez que chegam ilegalmente ao país, os celulares são basicamente vendidos em mercados gigantes.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), além da Senacom (Secretaria Nacional do Consumidor) são os órgãos designados pelo governo federal para investigar e fiscalizar a venda de aparelhos eletrônicos contrabandeados no Brasil.
Eles acabam consumidores que preferem produtos ilegais por causa de seu preço muito mais baixo. Por outro lado, os movimentos esperados pelo governo federal por meio de Barbosa começaram a se materializar em maio deste ano, com plataformas como Amazon e Mercado Livre forçadas a remover anúncios de classificados de produtos contrabandeados que ainda estavam online em seus marketplaces.
Em resposta, a Amazon se defendeu dizendo que não vende produtos anormais e que os celulares anunciados em seu marketplace devem ter “as licenças, autorizações, certificações e aprovações obrigatórias”. A loja norte-americana disse ainda que, caso seja confirmada uma violação, a penalidade é a suspensão do depósito, bem como a destruição do material.
O Mercado Livre também alegou que a remoção de classificados e a promoção de itens anormais em sua plataforma online poderiam levar à expulsão dos responsáveis; e agir proativamente para prevenir tentativas de uso ilícito.
Magalu disse que é o “mercado mais rigoroso que os novos distribuidores podem acessar”. E disse que está em contato constante com grandes marcas de eletrônicos para rastrear distribuidores não autorizados que possam estar distribuindo produtos falsificados ou contrabandeados. Essa política, inclusive, precederia a nova inspeção do governo. Esforços. Em 2023, o Magalu aceitou mais de 300 mil processos judiciais semelhantes ao tema e baniu 1. 700 distribuidores de seu mercado.
Ações como a Remessa Conform têm sido eficazes para importações ilegais por meio de pessoas físicas, mas têm impedido a entrada de produtos anormais no país. Depois, a chegada de celulares contrabandeados pelo Paraguai aumentou, e a analista da IDC, Andreia Sousa, espera que os números aumentem. manter sua tendência de alta até 2024.
Em resposta, a Anatel já assinou acordo com as maiores lojas brasileiras para que possam verificar o código de barras de todo e qualquer produto cadastrado para venda em suas plataformas, a fim de prevenir produtos piratas e ilegais. A medida ainda não é obrigatória.
A demanda para resolver o desafio do contrabando em geral e da falsificação é de bilhões de dólares. De acordo com o estudo “Brasil ilegal em números”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país registrou perdas de 453,5 bilhões de reais semelhantes às atividades de contrabando e pirataria em 16 setores da economia em 2022. Desse montante, R$ 136 bilhões são impostos que governos locais e nacionais deixaram de arrecadar.
Fonte: Confederação Nacional da Indústria