João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o estranho dia a dia em Wuhan.
João Pedrosa em Wuhan
© Cortesia João Pedrosa
Nestes 50 dias de quarentena aprendi que o manter-me inteirado do que se passa lá fora tem sido benéfico para o meu aconchego psicológico.
Tento fazê-lo com conta, peso e medida, pois constatei que, sempre que me sujeito sem refreio ao consumo excessivo de notícias, há lugar para o despontar dalguma inquietude e ansiedade.
A informação atualizada sobre o novo coronavírus é-me disponibilizada através de diversos meios.Como não poderia deixar de ser, a televisão e os sites dos jornais e das rádios são a primeira fonte de onde bebo esse conhecimento.
Afortunadamente, logo no início do surto, foi criado o designado (em tradução livre) “Mecanismo Conjunto de Prevenção e Controlo do Conselho do Estado Chinês”, com reporte direto ao presidente Xi Jinping.
Este comité realiza todos os dias um conjunto de conferências de imprensa, onde, além de fazer o ponto de situação dos últimos desenvolvimentos e transmitir informações relevantes da área da saúde, comunica e presta esclarecimentos sobre medidas doutros âmbitos complementares. Economia, indústria, agricultura e transporte de pessoas e mercadorias são algumas das áreas que são abordadas e repetidas frequentemente.
Todas as tardes também é realizada em Wuhan, pelo governo da província de Hubei, uma conferência de imprensa mais dedicada aos desenvolvimentos locais.
Diariamente recebo no meu telefone mensagens texto das diversas autoridades de Wuhan com avisos, esclarecimentos, medidas ou regulamentos relacionados com o viver no “estado de sítio” criado pelo Covid-19.
Deixo aqui alguns exemplos: “lista de hospitais dedicados ao tratamento do coronavírus”; “como proceder à compra de medicamentos via internet”; “lista de meios de apoio psicológico”; “regulamentos sobre controlo dos preços a praticar pelos supermercados”; etc.
A nível comunitário, os voluntários, utilizando uma das técnicas mais antigas de comunicação com as populações, costumam andar de vez em quando pelas ruas do bairro que atraem as novas.
Embora por vezes haja, para mim, algumas dificuldades devido à barreira linguística, elas são ultrapassadas através das aplicações informáticas de que disponho no meu telefone e tablet. Quando mais incompreensíveis, conto sempre com a prestável e, rápida ajuda dos meus colegas de trabalho.
Mantenha-se seguro e saudável!
João Pedrosa em Wuhan (15 de março de 2020)