Cloroquina: estudo alardeado por Trump omitiu morte de paciente

13/04/2020 15:03, atualizado 13/04/2020 17:39

Foi a partir de um estudo feito por médicos franceses que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou a cloroquina no centro do debate médico de um possível tratamento para o novo coronavírus. Porém, menos de um mês depois da publicação do levantamento, a Sociedade de Quimioterapia Antimicrobial Internacional (Isac), que divulgou o trabalho em seu jornal no dia 20/03, voltou atrás e afirmou que a pesquisa não “atingiu os parâmetros necessários” e que dados de seis dos 26 participantes foram omitidos.

O documento dizia que os pacientes se “perderam no acompanhamento por terem abandonado o tratamento antes da hora”. Mas, na verdade, três foram parar na UTI, um morreu, um parou de tomar a cloroquina por ter sentido fortes náuseas e um não tinha coronavírus.

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Andreas Voss, presidente da Isac, escreveu, em nota divulgada no site da instituição, que reconhece a importância de ajudar a comunidade científica com a publicação rápida de resultados, mas “isso não pode acontecer se o custo for a redução do escrutínio científico e de boas práticas”.

Em entrevista ao Daily Mail, o professor de bioética da Universidade de Nova York Arthur Caplan chama o estudo de “patético”. “Eles esconderam informações. Era uma farsa”, afirma.

A Isac também se mostrou preocupada com a falta de explicações sobre os critérios de inclusão dos pacientes no estudo e a não explicação do que significa “virologicamente curado” — a pesquisa dizia que 100% dos pacientes que tomaram a cloroquina com um antibiótico foram “virologicamente curados”.

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