Alemanha investiga possível espionagem de seu exército durante guerra na Ucrânia

O Ministério da Defesa alemão informou neste sábado (2) que investiga se uma troca verbal confidencial entre seu exército, por videoconferência, sobre a guerra na Ucrânia foi alvo de espionagem, após a publicação de uma gravação em uma rede social russa. A chefe da emissora estatal russa RT, Margarita Simonyan, divulgou nesta sexta-feira uma gravação de áudio de 38 minutos que ela disse ser um trecho de uma troca verbal entre autoridades alemãs sobre um possível atentado na Crimeia.

“Estamos investigando se as comunicações do setor da aviação foram interceptadas”, disse à AFP uma porta-voz do Ministério da Defesa alemão. A troca verbal centra-se na opção do exército ucraniano de usar mísseis Taurus de fabricação alemã e no seu possível impacto. Há também informações sobre possíveis alvos de ataque, como a ponte que liga a península da Crimeia, ocupada pelas forças de Moscou, à Rússia, através do Estreito de Kerch.

Especialistas consultados pela revista alemã Der Spiegel, a gravação é autêntica. De acordo com a Der Spiegel, a videoconferência não foi realizada por meio de um canal interno do exército, mas pela plataforma WebEx.

Kiev há muito que pede à Alemanha que lhe forneça mísseis Taurus, com um alcance de até 500 quilómetros. Até agora, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, recusou-se a disparar os projécteis, temendo uma escalada do conflito.

“Se esta história fosse verdadeira, seria muito problemática”, disse Konstantin von Notz, presidente da comissão parlamentar alemã para os serviços secretos, à RND. “Temos que nos perguntar se este é um incidente isolado ou uma questão de proteção estrutural”, acrescentou.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, exigiu “explicações rápidas” da Alemanha sobre o assunto. “Qualquer tentativa de evitar responder às perguntas será uma admissão de culpa”, disse.

Roderich Kiesewetter, especialista em defesa do principal partido conservador da oposição, o CDU, alertou que poderia haver mais vazamentos. “Certamente muitas outras conversas foram interceptadas e poderão vazar mais tarde para o benefício da Rússia”, disse à emissora ZDF. Segundo ele, é possível pensar “que a conversa foi vazada deliberadamente pela Rússia neste preciso momento com uma intenção específica”, que seria “impedir que a Alemanha forneça o Taurus” à Ucrânia.

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