BBC em Lisboa: “As pessoas fazem perguntas que podem não ser fáceis de responder”

O Centro Cultural de Belém acolhe esta noite um debate com a chancela da televisão e rádio pública britânica onde é a audiência que faz as perguntas ao painel de convidados, entre os quais o ministro da Economia.

Charlie Taylor, produtor do BBC World Questions, e Manuela Saragosa, jornalista que vai moderar o debate em Lisboa, fotografados junto ao Mosteiro dos Jerónimos.

© Imagens de Reinaldo Rodrigues/Global

O BBC World Questions escolheu Lisboa para o seu programa de janeiro, que será gravado esta terça-feira a partir das 18.00 no Centro Cultural de Belém. A ideia é o público, que se inscreveu com antecedência, fazer perguntas ao painel, onde está o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, o número dois da câmara de Cascais (PSD), Miguel Pinto Luz,o investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, António Costa Pinto, e a diretora executiva do DN, Catarina Carvalho.

Fomos falar com a moderadora do debate, a jornalista Manuela Saragosa, e com o produtor do programa, Charlie Taylor, que nasce de uma parceria com o British Council.

Porque é que o BBC World Questions decidiu vir a Portugal para o seu programa de janeiro?Charlie Taylor: Porque este é um país que é conhecido em redor do mundo, porque é um país relativamente pequeno, com uma grande história. Porque acho que há uma história interessante para contar sobre os anos mais recentes e também porque é um país que tem raízes profundas no mundo global e vai ser interessante para nós sabermos o que este país pensa do mundo em geral. Acho que as pessoas vão estar interessadas, onde quer que estejam a ouvir em redor do mundo, em saber o que as pessoas de Lisboa vão dizer esta noite.

Então ainda não sabem que perguntas os portugueses vão fazer?Manuela Saragosa: Não, todos são bem-vindos para fazer parte do público e estamos dependentes da audiência para estabelecer a agenda. São eles que trazem as perguntas. Nós, tendo lido sobre Portugal e olhado para Portugal do exterior, temos algumas ideias de quais serão os temas, mas é algo que é guiado pelo público. O conteúdo será guiado pela audiência.Charlie Taylor: Absolutamente. Temos o ministro da Economia no nosso painel e seria muito inesperado se não tivéssemos perguntas sobre a economia, que é um grande tema em Portugal, tal como tem sido em tantos outros países do mundo. As pessoas podem querer perguntar sobre as mudanças económicas no país desde 2008, se houve um custo para isso, qual foi esse custo. Estamos em Lisboa, uma cidade linda que é bastante atrativa para os turistas em todo o mundo, desde logo os britânicos, e que impacto isso tem tido aqui. Também estamos à espera de assuntos internacionais.Manuela Saragosa: Sim, sobre como o Brexit vai afetar Portugal, também pode haver questões do Megxit, que tem estado nas notícias, não sei como é que o público português vê a questão da realeza, sendo uma república. Também pode haver questões sobre o Irão, sobre a política externa portuguesa, sobre como Portugal se vê no mundo.

Falaram da crise económica e do que Portugal fez para a ultrapassar e do turismo. Essa é a imagem que os estrangeiros têm de Portugal?Manuela Saragosa: São os temas que são relevantes para uma audiência internacional, porque Portugal é obviamente um destino importante a nível turístico, obviamente haverá interesse em saber como é que isso está a afetar os portugueses. Acho que num contexto mais lato, quando olhamos para o que está a acontecer na Europa e na União Europeia, com a subida da extrema-direita, e como isso não aconteceu ainda verdadeiramente em Portugal, por isso as pessoas podem estar interessadas em saber o que torna Portugal diferente do resto da União Europeia. É algo que não é permanente, é algo que poderá mudar. Esse tipo de questões são interessantes do ponto de vista internacional. E novamente os fogos florestais e como Portugal tem lidado com isso é também interessante porque tem relevância internacional. Também acho interessante a ideia – estava a ler no site da BBC – da “saudade”. Pode ser algo de que alguém fale em termos culturais. É interessante que haja uma palavra para esta “tristeza alegre”, este “anseio por algo”, acho que ninguém a consegue traduzir, que se reflete na música. E isso é algo que Portugal também exporta. E talvez alguma explicação sobre isso, adorava que houvesse alguém que explicasse o que é e porque é que é um fenómeno tão importante em Portugal, ou se é só algo que alguém que vem de fora de Portugal vê que existe. Ou talvez a nova geração não ligue a isso.Charlie Taylor: Olhando para o monumento com os navegadores [Padrão dos Descobrimentos], eles estão a ansiar por algo, pelo mar aberto. É o mesmo. Normalmente no final dos programas temos algumas perguntas sobre cultura, e é bom, porque não é só político. Na Letónia, por exemplo, alguém perguntou porque é que a Letónia tinha mais cantores de ópera do que qualquer outro país do mundo. Quem sabia isso? Mas é muito importante para eles. Então é uma forma de passarem uma informação para o resto do mundo sobre a sua cultura.

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