As novidades despontaram através do senador Rogério Carvalho (PT-SE). Segundo ele, uma empresária chamada Taiza Krueder arrecadou recursos para a campanha de Bolsonaro. Carvalho cogitou de o dinheiro ter ajudado a pagar um (palavras dele) “roteirista do mal”, o publicitário Bá Assumpção, autor, disse o petista, dos “roteiros todos das fake news” bolsonaristas.
O dinheiro, ainda conforme as cogitações de Carvalho, teria ajudado a pagar também uma firma de inteligência e pesquisa digital responsável por medir o impacto das mentiras no eleitorado, a Qualitest. Esta foi classificada pelo senador como “uma empresa que organiza isto: o linchamento virtual, perfis falsos, mídia”.
O petista diz ter recebido de uma “fonte” da CPI as pistas do enredo que ele espera que, agora, a comissão investigue.
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Nos bastidores da CPI, circula que a coleta financeira que teria sido organizada por Taiza com outros empresários juntou cerca de 10 milhões de reais. Uma arrecadação que, se existiu mesmo, foi ilegal, pois não há nada parecido com dinheiro de tal origem na prestação de contas entregue por Bolsonaro à Justiça Eleitoral.
Taiza e o marido, Jan Felix Krueder, são donos de resorts no interior de São Paulo, conhecidos pela marca “Santa Clara”. Em 13 de março de 2016, domingo de marchas pelo impeachment de Dilma Rousseff, o casal foi às ruas com os filhos, todos de camiseta amarela. Há na web foto da família na manifestação.
No Facebook, Taiza tem postagens daquela época contra Lula (“Eu não aceito Lula como ministro”, de 16 de março de 2016) e a favor do então juiz Sérgio Moro (“Eu apoio Moro”, de 21 de março).
Assumpção é um publicitário com passagens por várias agências de propaganda. No passado, foi sócio de outro profissional do ramo, André Torreta, já convocado pela CPI para depor. A sociedade foi na agência Popular Comunicação.
Torreta fez em 2017 uma parceria com a Cambridge Analytica, empresa criada três anos antes por um bilionário americano, Robert Mercer, para ajudar políticos conservadores nos Estados Unidos. Em março de 2018, soube-se que a Cambridge usou em favor da campanha de Donald Trump, em 2016, dados “roubados” do Facebook.
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A parceria entre Torreta e a Cambridge Analytica resultou na criação da CA Ponte. A equipe de Bolsonaro sondou a CA Ponte para trabalhar pelo ex-capitão na campanha, mas Torreta foi contra. É para que ele fale dessa história que a CPI convocou-o.
A Qualitest é do Espírito Santo e presta serviços a campanhas, entre outras coisas. Em seu site, descreve tal serviço assim: “Com as pesquisas eleitorais, é possível dar suporte às decisões do candidato e sua equipe. Esse serviço oferece pesquisa de intenção de voto, imagem e posicionamento do candidato, diagnóstico eleitoral e monitoramento de mídias sociais, além de relatórios customizados, apresentações e debates desenvolvidos por nossa equipe especializada”.
As pistas recebidas por Rogério Carvalho encaixam-se naquilo que outro integrante da CPI, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse ser o que importa descobrir nas investigações. “A primeira delas é se, no processo eleitoral, houve uma ação organizada para distribuição de fake news. A segunda delas é se essa ação organizada foi financiada, sob ciência das candidaturas, com recursos não contabilizados. E a terceira delas é se existe equipe de servidores públicos, pagos pela União, difundindo, de forma estruturada, fake news de dentro da sede do Palácio do Planalto.”
O congressista Joice Hasselmann (PSL-SP), próximo testemunho programado no IPC, ajudá-lo a responder a estas perguntas, ao contrário do que aconteceu com o general Santos Cruz?
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Correspondente e repórter da revista CartaCapital em Brasília-DF
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