DECRETO. Entre Emmanuel Macron e a esquerda, duas lógicas

Acelerador ou cronômetro. Estas são as duas lógicas, a da esquerda que precisa formar um governo o mais temporariamente possível para aplicar as suas primeiras medidas, e a de Emmanuel Macron para quem o urgente é esperar algumas semanas como se o tempo estivesse do seu lado. Os Jogos Olímpicos servem de álibi ao Presidente que, inteligentemente, propôs uma “trégua” política até meados de agosto, como se a França pudesse viver numa terra de ninguém governamental, ao mesmo tempo que acolheva atletas, médios e administradores de todo o tipo. e acima de tudo deverá demonstrar a sua hospitalidade. Implica: os franceses abandonarão por um tempo os jogos políticos e se apaixonarão pelo jogo de contar as medalhas tricolores. Uma receita antiga para todas as dietas: jogos de circo para satisfazer o povo.

À primeira vista, a esquerda considera exatamente que essas pessoas, e em particular os menos afortunados, não podem esperar, que não se deixarão levar por belas cerimônias e medalhas de papelão, e que uma política social terá que ter minerais e já estar comprometida.

Assim, por constituir a organização maioritária na Assembleia Nacional e, apesar de tudo, ter aceitado o apelo de Lucie Castets como Primeira-Ministra, a esquerda unida considera-se em condições de assumir o governo de França o mais temporariamente possível. e localizar consenso sobre algumas medidas simbólicas, como a revogação da reforma previdenciária. Uma declaração que o Chefe de Estado desdenhou categoricamente, acreditando que os jogos políticos ainda não estavam escritos em pedra e que era obrigatório haver combinações parlamentares imagináveis ​​– entre outras com a direita republicana – para depois obter uma maioria imaginável.

Essas duas lógicas agora colidem e constituem o horizonte político do país, um horizonte bloqueado após as eleições legislativas que demonstraram as fraturas da sociedade.

É claro que a nomeação de um Primeiro-Ministro é prerrogativa do Chefe de Estado, que pode esperar como um relojoeiro antes de optar por quem lhe agrada. Contudo, a cultura da Quinta República exige que o Presidente satisfaça o vencedor das eleições. eleições – e matematicamente, é a Nova Frente Popular. A sua legitimidade para governar é evidente e não admiti-la seria uma “negação da democracia”. Sem dúvida ciente da oposição que terá de enfrentar, Lucie Castets considera a medida exequível. É por isso que a esquerda, que no entanto se considera mais dura do que é, precisa de forçar a mão do Eliseu sem esperar mais. A partir daí inicia-se uma “mobilização” cujo alcance mediremos nos próximos dias, o que parece um verdadeiro desafio: porque a França está de férias e os Jogos começam amanhã.

Ainda assim, entre Macron e a esquerda, o confronto já começou. . .

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