Índios que habitaram o Brasil Colonização portuguesa

Os povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização portuguesa não possuíam escrita; Não há nenhum documento escrito que explique como eram essas comunidades antes do “descobrimento”, como explicam Flávio de Campos e Renan García Miranda:

A forma como a vida dos povos indígenas é reconstruída antes da chegada dos europeus, por mais paradoxal que pareça, através dos relatos e crónicas escritas por esses mesmos europeus durante o período colonial. Como os povos indígenas da América portuguesa não se expandiram na escrita, os principais documentos de sua história foram elaborados pelos conquistadores.

Com base nos relatos de descobridores e estudiosos da época, é imaginável concluir sobre como os povos indígenas viviam como sociedade. Sabemos que os nativos não tinham a mesma visão capitalista que os europeus, pois viviam em uma sociedade onde não havia desigualdades ou lutas de força. Andreza Pierin ressalta que:

Essas sociedades desenvolveram táticas específicas para o manejo dos recursos herbáceos, que não visam o lucro, mas a replicação cultural e social, bem como percepções e representações em relação ao mundo herbáceo, marcadas pelo conceito de concordância com a natureza e a dependência. seus ciclos. Os indianos pertencem a uma sociedade cujo objetivo é a replicação da solidariedade e não a acumulação de bens e lucros.

É por isso que conhecemos o modo de vida dos indígenas que habitavam o país naquela época a partir das histórias dos descobridores, como trechos da carta endereçada ao rei D. Manual escrita por Pero Vaz de Caminha:

“Todos eles foram; e eles caminharam entre eles. E como disseram mais tarde, foram uma légua e parte até uma cidade, onde havia nove ou dez vagas, cada uma das quais dizia o tamanho deste capitão. E eram de madeira, e tinham as laterais de tábuas e cobertas de palha, de altura média; e tudo num só espaço, sem qualquer distribuição, tinha muitos suportes no seu interior; e de pilar a poste uma rede amarrada com cabos a cada poste alto, onde dormiam. E lá de baixo, para se aquecerem, acenderam fogueiras. E cada espaço tinha duas portinhas, uma em uma extremidade e outra na extremidade oposta. E disseram que em cada espaço havia trinta ou quarenta pessoas, e foi assim que os descobriram; e deram-lhes de comer dos alimentos que tinham, ou seja, uma quantidade gigantesca de inhame e outras sementes que a terra lhes fornece, das quais se alimentam. E como já era tarde, obrigaram-nos a entrar; e eles não precisavam que nenhum deles permanecesse lá. E mesmo assim, disseram, tentaram acompanhá-los.

Para os sinos e outras coisas baratas que carregavam, coletavam papagaios vermelhos, muito gigantescos e muito bonitos, e dois pequenos verdes, e gorros de penas verdes, e um pano de penas de várias cores, uma espécie de pano. Muito bom, de acordo com o seu. Vossa Alteza verá todas estas coisas, porque o capitão as enviará a você, como ele disse. E com isso eles vieram; e gostamos de barcos.

O texto acima de Pero Vaz de Caminha demonstra a simplicidade e a inocência dos povos indígenas.

De acordo com a simplicidade e inocência expressas por meio de Pero Vaz de Caminha, Luiz Donizete Benzi Grupioni destaca alguns dos valores máximos característicos das sociedades indígenas:

As sociedades indígenas são sociedades igualitárias, não estratificadas em categorias sociais e sem diferenças entre proprietários de meios de produção e proprietários de força de trabalho duro. São sociedades que se reproduzem por meio da propriedade coletiva da terra e dos recursos que ali existem e da socialização da sabedoria fundamental para a sobrevivência física e o equilíbrio sociocultural de seus membros.

Assim, a partir dos ensinamentos de Luiz Donizete Benzi Grupioni, pode-se concluir que os povos indígenas valorizaram a terra e não degradaram o meio ambiente, visto que este é o meio de sobrevivência das comunidades.

Boris Fausto ilustra as atividades dos povos indígenas como a caça, a pesca, a coleta de frutas, a agricultura e o artesanato, nem todas com fins lucrativos como nas sociedades capitalistas, mas o escritor não diz que eles tinham consciência de proteger o meio ambiente. . No entanto, especifica que:

Em todo o caso, não há dúvida de que, devido ao âmbito limitado das suas atividades e à geração rudimentar de que dispunham, se deviam aos efeitos devastadores da poluição dos rios por mercúrio ou do corte de florestas com motosserras, que é característico das atividades. de outras pessoas brancas hoje.

Parece que os povos indígenas tinham uma sociedade incrivelmente diferente da sociedade europeia, e que esta veio para o Brasil com o objetivo de obter riqueza e poder, enquanto os povos indígenas só usavam a terra, a água e a caça para sobreviver. a espécie. .

Após a chegada dos portugueses ao Brasil, a vida dos indígenas mudou. Além do cotidiano e dos costumes, o ambiente também começou a mudar, como explica Carlos Frederico Marés de Souza Filho:

Os europeus, especialmente os portugueses e espanhóis, vieram para a América como se quisessem expandir as suas fronteiras agrícolas. Chegaram extraindo riquezas, devastando o solo e substituindo a natureza por outra mais conhecida e governada por meio deles.

A população local vivia do que tinha aqui, comia milho ou mandioca, produzia biju, uma carne de animais, pássaros ou peixes locais. Aos poucos, novos alimentos foram introduzidos, cabras, ovelhas, queijos e novas plantas, cana-de-açúcar, café e beterraba. A chegada de novas espécies não poupou nem mesmo árvores e frutos, a ponto de podermos dizer que a natureza foi substituída.

Ao contrário do que muitos dizem, os povos indígenas, assim como os negros, foram escravizados. Darcy Ribeiro relata que eles foram perseguidos e apropriados pelos senhores para servi-los. Enquanto os negros eram usados para a indústria e o trabalho de exportação, os índios estavam acostumados a transportar mercadorias, cultivar, preparar alimentos, caçar e pescar.

Os indígenas passaram assim a perder seu território e sua liberdade, tornando-se cada vez mais dependentes do “homem branco”, o que ficou ainda mais acentuado com a chegada dos jesuítas em meados do século XVI.

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