Carlos Alberto dos Santos Cruz, general reformado do Exército, foi ministro da Secretaria de Governo durante o primeiro semestre de 2019.
Ele foi demitido do governo Bolsonaro em 13/VI, após uma série de embates públicos com o guru Olavo de Carvalho e com Carlos Bolsonaro, filho 02 do presidente Jair Bolsonaro.
Em maio de 2019, circulou entre militantes bolsonaristas a imagem de uma suposta conversa de WhatsApp em que Santos Cruz critica o presidente Bolsonaro e seu filho Carlos. O general afirma que a foto é falsa.
Especula-se, entretanto, que o próprio Carluxo teria entregue a mensagem ao papai Jair – e, em seguida, pedido a cabeça do então ministro.
Em uma entrevista com a jornalista Mariana Schreiber da BBC Brasil, Santos Cruz comentou sobre o caso, sem mencionar o nome de seu filho presidencial, no entanto:
“Não é normal o que está acontecendo aqui, quando você vê a interferência, familiares se metendo no Twitter, dando opinião sobre conduta de ministro. E coisa falsa sendo entregue para o presidente, mas o presidente não quer dizer quem é que entregou a falsidade para ele”, disse o general.
“O senhor está se referindo a um diálogo forjado envolvendo o senhor que foi dado ao presidente?”, pergunta a repórter.
Ele responde: “lógico. Isso aí depõe contra meus quarenta anos de vida militar, onde você cultua, exatamente, a honestidade. Então, uns criminosos vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente, incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se nega a dizer quem levou aquilo para ele. Então, são coisas que não se pode esperar de uma autoridade que tem essa responsabilidade”.
“A influência familiar, por exemplo, eu acho que não é boa, a sociedade brasileira não aceita. Ela votou no presidente Bolsonaro, ela não votou na família Bolsonaro. Na sociedade brasileira, a gente não gosta nem que parente se meta na vida particular da gente, muito menos num ambiente nacional”, continua o general.
Santos Cruz afirma, em seguida, que pode ter sido vítima do chamado “gabinete do ódio” – um grupo de assessores comandado pelos filhos do presidente que seria responsável por difamar adversários da família Bolsonaro pelas redes sociais: “isso é um caso policial, isso não é um caso de filosofia, ou de método de governo. Isso é simplesmente um caso policial, é pegar os casos produzidos de falsidade de informação, de injúria, de difamação, tratar disso daí de maneira policial. É fácil você chegar nos autores através de tecnologia existente e processar na forma da lei essas pessoas. Se elas estiverem dentro do Palácio, que sejam processadas, não interessa quem (…) Então, se existe esse tal ‘gabinete de ódio’, acho que existe essa possibilidade de você identificar tecnicamente e mover ação judicial”.
E as eleições de 2020 e 2022?
O general afirma que foi sondado pelo PSDB para disputar um cargo eletivo. Ele prefere não tratar sobre o caso agora – mas já deixa claro que não entraria de forma alguma no novo partido de Jair Bolsonaro, a Aliança Pelo Brasil: “tem alguns partidos que eu não entraria de jeito nenhum, esse é um deles”, diz Santos Cruz. “Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro, de jeito nenhum. Até por uma questão de conduta, não é pela filosofia do partido, não. Ele tem valores que não coincidem com os meus, ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento”.
Leia a entrevista completa no site da BBC Brasil.
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