Presidente da Federação de Motociclismo: “Um apaixonado pela vida e pelas motos”
O presidente da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP) lamentou a “triste e trágica” notícia da morte do piloto, que descreveu como “um apaixonado da vida e das motos”. Miguel Marinheiro lembra Paulo Gonçalves como “o piloto com mais títulos de campeão nacional”, mas acima de tudo como “um excelente homem”.
“Começou no motocrosse, passou pelo enduro e pelo todo-o-terreno. Em todas as modalidades que praticou foi campeão” disse, acrescentando que “o Paulo era um piloto de excelência e respeitado por todos os adversários”. “Fica-nos a saudade, mas a memória do excelente piloto que ele foi e dos resultados brilhantes que teve”, rematou.
PRESIDENTE DO FIM: “Foi um exemplo como piloto e como pessoa”
O presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), o português Jorge Viegas, considerou hoje, em declarações à Agência Lusa, que “o motociclismo português está de luto muito carregado” na sequência da morte de Paulo Gonçalves no Rali Dakar.
“Não posso estar mais triste. Era um piloto que adorava e que conhecia desde pequenino. Era um exemplo como piloto e como pessoa”, começou por dizer à agência Lusa o presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), que foi acordado pelo diretor da prova: “Disse-me que o encontraram já morto. Foi em reta, o que é estranho. Não sabem o que aconteceu”, contou Jorge Viegas.
“O motociclismo português está de luto muito carregado. O Paulo era sempre uma alegria onde chegava e era muito boa pessoa”, concluiu.
Benfica lembra ligação a um dos pilotos “mais credenciados”
“Foi parceiro do Sport Lisboa e Benfica em vários anos e sentia grande orgulho em ostentar a águia no equipamento de motard, nomeadamente no capacete, durante as provas sobre duas rodas”, lembrou o Benfica, numa nota em que elogia “um dos mais credenciados pilotos portugueses de sempre”, lembrando o título mundial de todo-o-terreno conquistado em 2015 e a presença regular do piloto no Dakar.
O Governo lembra o “altruísmo”
“O percurso do motociclista português na alta competição ficou marcado por colocar sempre na frente da sua ação os valores da ajuda, do companheirismo e da sã competição”, refere nota conjunta do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo.
A nota lembra o gesto do piloto no Dakar de 2016, quando parou para ajudar o austríaco Matthias Walkner (KTM), ao lado de quem permaneceu após uma queda deste e fratura de uma perna. “Essa atitude, entre outras que foi tendo ao longo do seu percurso desportivo, levou a que o IPDJ atribuísse ao motociclista o Prémio Nacional de Ética no Desporto de 2016. A própria Federação Internacional de Motociclismo atribuiu idêntica distinção”, destacaram os governantes, considerando Gonçalves “um atleta de exceção, um dos grandes campeões da história do desporto motorizado, um exemplo de dedicação e de altruísmo”.
Matthias Walkner: “Incrivelmente amigável, útil e justo”
O próprio Matthias Walkner, que também compete no Dakar deste ano, reagiu ao “trágico” acidente e lembrou o adversário com vários elogios. “Os resultados e a luta por um lugar no topo, de repente, passam para segundo plano! O Paulo era um veterano, aqui. Ele parou e ajudou-me quando tive um acidente em 2016, era um atleta incrivelmente simpático, prestável e justo”, escreveu no Facebook. Leia mais sobre a reação do austríaco aqui.
Marcelo lamenta a morte de “digniíssimo representante de Portugal”
“Paulo Gonçalves morreu a tentar alcançar o sonho de vencer uma das mais duras e perigosas provas de rally do mundo, na qual foi sempre um digníssimo representante de Portugal, chegando a alcançar o segundo o lugar em 2015”, pode ler-se numa nota publicada no site da Presidência, que apresenta ainda “as mais sentidas condolências” à família do português.
Costa diz que piloto será lembrado como “um exemplo de ética”
O primeiro-ministro, António Costa, disse que o piloto português Paulo Gonçalves será lembrado como um “exemplo de ética, altruísmo e sã competição”, e deixou as “mais sentidas condolências à família”.
Esposende lembre-se de seu papel como embaixador do município
“Nesta hora difícil, o Município de Esposende [de onde Paulo era natural] vem manifestar profundo pesar pela morte do piloto Paulo Gonçalves. ‘Embaixador’ de Esposende no Mundo, deixa a sua marca de homem exemplar e dedicado, ao desporto e à sociedade”, escreveu a Autarquia no Facebook.
Félix da Costa louva, dizendo: “Eras, és e sempre serás um grande”
“Descansa em paz, guerreiro Paulo. O desporto e Portugal ficam hoje mais pobres. Eras, és e serás sempre um Grande. Até sempre, ‘Speedy’ Campeão!”, escreveu no Facebook o piloto Félix da Costa (Fórmula E), acompanhando a publicação com uma fotografia do piloto de Esposende.
Miguel Oliveira lembra “coragem e valentia”
“Paulo, deixaste uma marca profunda na vida de quem teve o privilégio de se cruzar contigo. A tua coragem e valentia são exemplo para todos nós. Descansa em paz”, escreveu Miguel Oliveira, piloto de MotoGP.
Paulo Marques fala de um “lutador”
“O Paulo era um lutador, um profissional. Ninguém merece uma coisa destas, mas ele ainda menos. Era daqueles que nunca desistia”, disse à agência Lusa o antigo piloto Paulo Marques, o diretor da equipa Honda que levou Paulo Gonçalves pela primeira vez ao Rali Dakar, em 2006.
“Pacato”, “nortenho de gema”, com “piada” e próximo dos amigos, Gonçalves “era um piloto muito forte fisicamente e com uma cabeça muito determinada. Era um profissional (…) É dos pilotos com maior palmarés português”, recorda, acrescentando que “ainda tinha muito para dar na prova”, onde deixa “um legado”.
Tiago Monteiro: “Foi incrível”
“Um guerreiro, uma pessoa incrível! Descansa em paz amigo”, escreveu no Facebook o piloto português Tiago Monteiro, antigo corredor na Fórmula 1 e atualmente a competir na Taça do Mundo de carros de turismo (WTCR).
António Maio-quer “tentar apagar tudo o que viu” de sua memória
António Maio (Yamaha), um dos pilotos portugueses presentes no Rali Dakar, mostrou-se “em choque” com a queda fatal de Paulo Gonçalves.
“Vou tentar apagar da minha memória tudo o que vi e o que se passou depois, nesta que foi a etapa mais difícil da minha vida”, escreveu na rede social Facebook, acompanhando com uma fotografia com Paulo Gonçalves, entre outros pilotos, num dia de treinos.
António Maio foi um dos pilotos que passou pelo local do acidente, revelando ter ficado “em choque” quando chegou ao acampamento. “É com aquele piscar de olho e o desejo de ‘boa sorte’ uns segundos antes de partires para a 7.ª etapa que te vou recordar para sempre! Um verdadeiro Homem, um ser humano fantástico e um piloto único! Obrigado Paulo por seres uma das minhas referências”, escreveu o antigo campeão nacional de todo-o-terreno, que participa no Dakar pela segunda vez.
Honda nunca vai esquecer os portugueses
“O nosso amigo e antigo corredor da Team HRC (2013-2019) Paulo Gonçalves morreu hoje durante a sétima etapa do Rali Dakar de 2020. A equipa Monster Energy Honda queria estender as condolências à sua família e amigos. Descansa em paz, Paulo. Nunca te esqueceremos”, lê-se numa mensagem da equipa nipónica no Twitter.
Stéphane Peterhansel: “Ele partiu a fazer o que o apaixonava”
O piloto francês Stéphane Peterhansel, de 54 anos, múltiplo campeão no Rali Dakar, em motas e carros, considerou que a morte faz com que se coloque tudo em causa, mas falou da paixão de Paulo Gonçalves pelo seu desporto.
“Era alguém que conhecia os riscos, era a sua paixão. Isso pode atenuar um pouco o que sentimos. Ele [Paulo Gonçalves] partiu a fazer o que o apaixonava, o que é um pequeno consolo. Mas é difícil de ‘engolir’ de cada vez que acontece”, comentou Peterhansel.
”De cada vez [que morre alguém], surge a mesma questão. O que é que estamos a fazer aqui? Para quê? É realmente necessário competir? Não é a vida algo mais importante?”, questionou o piloto, referindo que as respostas não existem. O piloto francês explicou ainda que, alguns meses depois, a paixão volta, “como um vírus” e, a cada vez, mais profundo.
Joan Barreda: “você Me cuidado todos esses anos, como um irmão”
“Ainda não posso acreditar no que aconteceu. Não sei o que dizer. Cuidaste de mim estes anos todos, como um irmão. Lembro-me imenso das horas que passámos sozinhos no deserto, a cuidar um do outro, separados por 100 metros, isso permanecerá sempre na minha alma. Adoro-te Paulo”, escreveu Barreda no Twitter, com uma foto ao lado do piloto luso.
O diretor da KTM diz que “ninguém está mais surpreso que Toby Price”
O diretor desportivo da KTM, o espanhol Jordi Viladoms, deu conta da “tristeza” que tomou conta da equipa pela morte de Paulo Gonçalves, garantindo que “ninguém está mais chocado do que Toby Price, o primeiro a chegar ao local.
“Foi um dia extremamente triste para toda a família do rali. Ele era muito querido no acampamento, não só por ser um grande piloto mas, também, por ser uma pessoa espantosa e uma lenda do nosso desporto”, disse o antigo piloto espanhol.
Viladoms admitiu que toda a equipa ficou “chocada”, mas “ninguém mais do que o Toby [Price], que foi o primeiro a alcançar o Paulo depois da queda”, revelou o responsável desportivo a KTM.
O espanhol disse ainda que “um dia sem competição vai permitir aos pilotos prestar homenagem ao Paulo e limpar as cabeças antes de continuarem na terça-feira”, referindo-se ao anúncio do cancelamento da oitava etapa para motas e quads, na segunda-feira.
Marc Vir “pecado voz”
“Hoje, um dos nossos pagou um preço demasiado alto. Não tenho palavras para expressar o que realmente sinto”, escreveu o espanhol Marc Coma nas redes sociais.
O catalão venceu cinco edições em motas, a última delas em 2015, depois de uma intensa luta com Paulo Gonçalves, que foi segundo classificado nesse ano. “Foi um grande piloto, uma pessoa exemplar de quem todos gostávamos muito”, concluiu, deixando uma palavra de “força para toda a família nestes momentos tão complicados”.
Marc Coma participa nesta 42.ª edição como navegador do espanhol Fernando Alonso, na categoria dos automóveis.