Em junho, a Universal Music do Brasil anunciou a sua nova aposta no mercado da música. “Nós temos o DNA digital, mas estamos aqui para lançar uma plataforma para produtos físicos. É um paradoxo”, disse Paulo Lima, presidente do selo, em uma conversa com os jornalistas durante a apresentação da Universal Music Store.
“O físico não acabou, renasce, transformando-se. A experiência dos fãs vai muito mais além de ouvir música no celular”.
O discurso de Lima, resultado de meses de pesquisa universal, está cheio de revelações sobre o consumo de “música física” nos últimos anos.
Ao reafirmar o “DNA digital”, o executivo reconhece o streaming como um meio primário de consumo de música. De acordo com a última pesquisa do IFPI, que estuda a indústria fonográfica em todo o mundo, 89% das pessoas ouvem música em streaming, com o maior crescimento na faixa de idade entre 35 e 64 anos.
Quando Paulo Lima diz que o físico está “transformando”, não está falando de um novo apoio para a entrega de música – como se estivesse na década de 1980, anunciando a chegada do CD – mas sim das novas formas de utilizar os já conhecidos alunos.
Espera-Se que as vendas de vinil nos Estados Unidos em 2019 atingidos os 500 milhões de dólares e superem o dinheiro movimentado pelos CDs, pela primeira vez desde 1986, de acordo com a RIAA, a Recording Industry Association of America. E, embora não representa uma parcela significativa do mercado, as vendas de fitas cassete no Reino Unido este ano serão as mais altas desde 2004.
O retorno em massa desses meios é inquestionável, consolidando o crescimento gradual, mas há mais problemas envolvidos no que isso significa.
Entre os resfriadores de bebidas e almofadas de Zeca Pagodinho decorados com uma personagem criada por Crybaby de Charlie Brown Jr., a Universal Music Store tinha como carro principal, uma caixa com 16 CDs de Sandy & Junior. Por R$ 249,90, se esgotaram nas primeiras horas de lançamento.
O curioso é que cada vez é menos comum fabricar dispositivos para ouvir CDs, desde os jogadores mais tradicionais até carros e computadores.
Mário Meirelles, gerente de mídia da Amazon, diz que os vinis já são vendidos proporcionalmente mais do que os CDs. O site abriu uma sessão de LPs no Brasil há quatro meses, depois de várias solicitações de clientes, que acabaram gastando mais para importar os discos.
Segundo ele, dois públicos, destacam-se no consumo de LPs, o do rock há décadas -os discos do Pearl Jam e os Beatles são bem vendidos – e o dos cantores pop contemporâneos – Taylor Swift, Beyoncé e Lana Del Rey, entre outros.
“O nosso caminho vai junto com o dos fabricantes de tornamesas”, diz, citando que hoje em dia é possível comprar vitrolas por R $ 200 ou R $ 2,000. “Nós temos mais e mais ofertas de leitores de vinil, seja na linha vintage, confundindo-se com produtos de decoração, deixar muito mais qualidade de som.”
Meirelles fala de um nicho cada vez mais expressivo, as vitrolas “decorativas”. Os móveis que parecem velhos mas que se preparam como vitrolas, diz, estão apostando nas vendas expressivas este ano, porque são mais bonitos e custam menos que os leitores de recorde de maior qualidade de som.
O sucesso da caixa de Sandy & Junior também tem que ver com uma outra característica deste mercado, relanzamientos colecionáveis ou especiais, incluindo discos de vinil coloridos e outros produtos relacionados. Custam mais caro e ainda têm um maior apelo com os colecionadores.
“Tudo o que temos no Amazon Music está transmitindo, o que significa que estas vendas de vinil saem no nicho de colecionáveis”, diz Meirelles.
João Augusto, consultor de um dos fabricantes de vinil mais importantes do Brasil, Polysom, lembra-se de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, há alguns anos.
“Mais da metade das pessoas que compraram o vinil não tinha um toca-discos. O compraram para ter o objeto”, diz.
Ele também aponta que o número de fabricantes de vitrolas no mundo quase triplicou nos últimos dez anos. E as fábricas de vinil aumentaram de 42 a 65 entre 2009 e 2019.
Em São Paulo, uma marca chamada Echo Vintage, criada há quatro anos, vende bicicletas retrô e vitrol que podem ser bagagens ou emitir luzes.
Em 2017, a Polysom também voltou a fabricar fitas cassete, um meio que cresce ainda mais marginalizado do que o vinil, já que os dispositivos para reprodução são ainda mais raros.
A tag de hoje duplica em torno de 500 fitas por mês, tendo vendido mais de 10.000 cópias desde que começou a produzir por si. As fitas são feitas em parceria com Deck, o selo de humberto gessinger, Pitty e Elza Soares, que publicaram seus discos recentes na fita.
Em termos de qualidade de som, não há nenhuma regra, tanto no caso da música na Internet como em suportes físicos. No entanto, diz João Augusto, “qualquer meio físico reproduzido em time ruim deve-se em qualidade”.
Apesar de ter um público cada vez mais expressiva, a música “física” tem uma relevância no mercado novamente, como disse Paulo Lima, “reencarnado”.
Até a década de 1980, compraram vinilono não só os fãs de um artista, mas qualquer pessoa interessada em ouvir esse disco. Hoje em dia, é difícil imaginar alguém gastando em torno de R $ 200 para comprar um disco sem ter ouvido antes, na Internet, ou ter um pouco de cuidado com as músicas.
É um mercado que atualmente atrai mais do que audiófilos e consumidores assíduos da música, e parece estar cada vez mais confuso com os produtos de merchandising.
A isso se soma uma das expressões favoritas de escritórios de publicidade nos últimos anos: a “experiência”.
“Os altos preços das fitas são inevitáveis, devido aos altos custos dos materiais importados”, diz João Augusto em torno de R$ 50, mais de três assinaturas individuais mensais de Spotify, por exemplo, cobradas por unidade. “Mas quem compra a fita sabe que está recebendo uma experiência diferente, que vale a pena o custo”.
Nas palavras de Paulo Lima, “muita gente nem sequer abre o produto, só querem tê-lo em casa. Um vinil é uma experiência, não é só apertar o jogo no seu telefone.”
A volta dos que não foram
Vinilo
Em 2019, espera-se que os registros movam $500 milhões nos Estados Unidos, atingindo as cifras de 1986. Os fãs dos cantores de rock e música pop são os que compram os discos de vinil mais novos do Brasil.
Cassete
O formato teve o seu melhor ano no Reino Unido desde 2004. No Brasil, a Polysom voltou a fabricar fitinhas mais pequenas em pequena escala, e os selos os mais pequenos como o Municipal K7 apostaram por eles.
Cd
Sem apelo retro, são os meios de comunicação, os que estão em maior declínio. Você ainda pode ceder quando faz parte de um pacote especial, ou uma história, como a caixa com 16 álbuns de Sandy & Junior, que foi um sucesso de vendas.
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