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A série “Brasil: A última cruzada” foi interpretada pelo grupo Brasil Paralelo e o primeiro episódio está disponível no Youtube a partir de 2017. Criada em 2016, a produtora propõe uma revisão histórica de seus materiais.
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Em 31 de março deste ano, aniversário do golpe militar, o produtor lançou “1964: o Brasil entre armas e livros”, um documentário que justifica a derrubada do presidente João Goulart, como um movimento de reação a uma ameaça comunista real — é consenso entre os historiadores que esta ameaça real nunca existiu.
A série, de acordo com TELEVISÃO School, é parte da nova programação do canal. Tv Escola é administrado pela Associação Roquette Pinto com recursos públicos transmitidos pelo mec. O material foi atribuído, e não haverá custos para a visualização.
No documentário, a história é narrada com o fim de melhorar o papel da Igreja Católica e a fé na endeave de Portugal à sua chegada ao território que seria o Brasil. O genocídio indígena e a história dos negros escravizados são minimizados.
“Quando falamos de escravos, lembramos a luta dos abolicionistas”, diz o narrador no segundo episódio.
O primeiro episódio, que foi ao ar às 19:00 horas de segunda-feira, pretendia retomar o contexto de Portugal nas grandes navegações e segue a cronologia até a ação dos bandeirantes.
Nas palavras do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), descendente da família real, o fator motivador das grandes navegações portuguesas, era mais religioso do que comercial.
“Não te lanças no pequeno bote através de um mar que não sabe encontrar um pau de sequóia. Não é isso, é para encontrar a terra prometida, é para encontrar a terra abençoada”, diz no primeiro episódio.
“Não foi uma coisa pequena, frívolo, como se constrói [entre os historiadores]. Claro, é mais difícil de contar esta história a um grande número de pessoas”.
A série começou com um breve discurso do historiador Alberto da Costa e Silva, que já não aparece no primeiro capítulo. No segundo episódio, o historiador Jorge Caldeira também colabora.
Mas são figuras conservadoras que se revezam na tela, como Olavo de Carvalho, uma referência para o bolosonismo, e Luiz Philippe.
Entre os entrevistados estão José Carlos Sepúlveda, discípulo de Plínio Corrá de Oliveira (líder do PTE, Tradição, Família e Propriedade), o delegado, católico e autor de livros jurídicos Rafael Bitola, o graduado em história Thomas Giulliano Ferreira dos Santos, que escreveu um livro em que critica a Paulo Freire, e o analista político Percival Puggina, também conservador e religioso.
Rafael Nogueira, estudante de Olavo, consultor documental e recentemente nomeado para a presidência da Biblioteca Nacional, também faz parte.
Em seu site, diz que é bacharel e licenciado em Filosofia, bacharel em Direito e pós-graduação em educação.
Segundo a TV Escola, a “avaliação de conteúdos e a escolha de programas passam por todas as áreas de programação, produção e direção”.
Roquette Pinto tem como diretor-geral-Eduardo Melo, ligado à ala mais ideológica do governo e que tinha seu nome ligado entre olavistas para assumir o comando do MEC.
O ministro da Educação Abraão Weintraub, também se junta ao grupo mais ideológico do governo e diz que é um admirador de Olavo de Carvalho.
Foi a TV Escola que buscou a companhia, de acordo com um dos sócios, Lucas Ferrugem, que diz que não se lembra de quem entrou em contato.
O empresário destaca que o grupo é independente, não recebe dinheiro público e foi assinado um contrato entre as partes para a transparência. O documento tem uma duração de três anos e foi assinado entre a TV Escola e a produtora Brasil Paralelo.
Ferrugem disse que os materiais da companhia não são parciais, mas, segundo ele, haveria um predomínio da visão de esquerda entre os historiadores.
Os entrevistados teriam sido escolhidos em um processo que envolveu consultas com professores de história e o público – a vasta bibliografia também foi usado, segundo ele, como obra do historiador Pedro Calmon (1902-1985).
Questionado sobre a falta de pluralidade de visões, Ferrugem disse que “a pluralidade é o compromisso com a verdade”.
“Estamos lá, procurando a verdade. Se acreditam que disse algo, e nós vamos investigar, e isso não coincide com a verdade, ou parece mais precário com a informação que compete com isso, vamos obter informação mais sólida”.
O MEC não respondeu às perguntas do relatório.
No ano passado, Roquette Pinto recebeu R$ 73 milhões do mec. Além de gerenciar TV Escola, a associação também é responsável pela TV Ines, canal voltado para pessoas surdas, e cinematheque.