Rui Pinto para a França e Bélgica, que o “salvem” de Portugal

Em uma entrevista ao jornal francês Libération, o hacker pede que o salvem de seu país.

“Infelizmente, Portugal está no lado errado da guerra. Espero que outros países como a França ou a Bélgica me salvem deste país e aproveito para investigar e prender os criminosos no mundo do futebol, que existem em uma escala inimaginável”, disse Rui Pinto em uma entrevista escrita realizada através de seus advogados.

O chefe do site de Football Leaks voltou a mostrar “sérias dúvidas” sobre o sistema judicial português e a chamou de “sinais claros de parcialidade e práticas não democráticas” no seu caso. Rui Pinto salienta que o procurador que ostenta o seu caso, disse-lhe “em um interrogatório que a justiça não tem a intenção de perguntar sobre os problemas de corrupção e fraude fiscal. Ela só quer que a minha cooperação for autoincriminatoria”.

Rui Pinto também insiste em que, “ironicamente”, é o mesmo fiscal de quem “dirige a unidade, criada no ano passado para investigar crimes no futebol. Mas como todo mundo pode ver, a unidade tem se dedicado unicamente a perseguir os denunciantes”. E o “pirata” aponta com o dedo a inação judicial em outros casos: “Não se abriu nenhuma investigação criminal, depois que congela a revelação de vazamento de dados sobre o futebol e as investigações sobre supostos esquemas de corrupção do Benfica”.

Portugal: “Uma plataforma de práticas fraudulentas”

O hacker reafirma a sua vontade de cooperar com todas as autoridades contra a corrupção e a fraude fiscal. E lamenta que Portugal “está no lado errado da guerra”. De fato, o hacker justifica as tentativas de intrusão na Procuradoria Geral, com a “suspeita” de que “contém os elementos mais importantes da acusação, o que será inaceitável”.

“Portugal é uma plataforma de práticas fraudulentas, mesmo para além do futebol. Faço um apelo às instituições europeias para que façam qualquer coisa. Portugal não participa da luta contra a corrupção e não expressa nenhuma intenção de modificar suas leis”, acusa Rui Pinto.

“Espero que outros países como a França ou a Bélgica me salvem deste país e aproveito a oportunidade para investigar e acusar os criminosos no mundo do futebol, que existem em uma escala inimaginável”, disse ao jornal francês.

“É muito cansativo” e eu tenho que ser “mentalmente forte”

Rui Pinto tem estado sob custódia desde março e diz que “é muito cansativo estar nestas condições” e que tem que ser “mentalmente forte”. Português é considerado um “denunciante”, que já contribuiu positivamente para a sociedade. Apesar disso, admite que os debates sobre se é denunciante ou chantajista são legítimos, mas sublinha que preferiu ter um debate sério, com informações precisas, que mostrou a importância de as fugas de futebol em todo o mundo. Tudo o resto são distrações”.

O hacker reconhece que os primeiros contatos com a Doyen foram “um erro”, mas que não cometeu nenhuma extorsão. “Fui ingênua, não deveria tê-lo feito”, admite.

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