Ancine elimina cartazes cinematográficos de sua sede e informações sobre eles no site

(C) SISTEMA VERDES MARES 2019

Dezessete anos depois que o primeiro presidente da Ancine, Gustavo Dahl, instalou pinturas em salões e teatros da agência cinematográfica para mostrar os cartazes de filmes brasileiros em exposição, o novo chefe decidiu arrancar todas as paredes.

Havia mais de uma centena de pinturas, com moldura e vidro, que se podiam abrir e se mudavam os cartazes periodicamente, acrescentando sempre as novidades do cinema nacional. Estiveram lá desde 2002.

Sexta-feira (29), todos foram retirados dos espaços comuns dos edifícios da Ancine, que ocupa 13 andares em um edifício da Avenida Graa Aranha e outro na rua Teixeira de Freitas. Eles foram levados para um armazém na rua Moraes e Vale, todos no centro do Rio de Janeiro.

O mesmo apagão aconteceu no site da instituição. Há duas semanas, uma aba fixa mostrava os cartazes das novas produções brasileiras. Ao clicar em cada cartaz, foi anunciado a ficha técnica do filme, com o diretor, sinopse, etc., Já não mais. O bar foi embora.

Nos corredores e salas de reuniões gerais nem sequer eram os pontos de vidro. Além dos novos filmes, também foram removidos alguns clássicos, como “Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, “O bandido da luz vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, e “Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho.

Nas áreas internas de cada setor, no entanto, algumas pinturas sobrevivem nas paredes. Quanto à tv de 50 polegadas, que mostrava reboques nacionais no átrio do edifício principal, também foi fechado desde sexta-feira passada.

O diretor de comunicação da Ancine, o senhor Cazarré, diz que a eliminação de informações do site, foi definido em uma reunião com o presidente interino da agência, Alex Braga, em meados de novembro. A razão, diz ele, é que a agência decidiu priorizar a sua área regulatória em relação com a área de promoção.

“Houve muitas solicitações de divulgação, desde festivais até em eventos e conferências. Se colocasse um filme, teria que tê-las todas. Em seguida, informações de distribuidores e produtores, e assim por diante. Por isonomía, escolhemos não divulgar nada mais”, diz cazarré.

O assistente nega que o ato foi provocado porque a Ancine não queria revelar filmes com temas que contradizem as posições políticas dos partidários do governo atual, como apareceram nas redes sociais. Nos corredores, é uma teoria discutida por alguns funcionários.

Quanto à desmontagem do televisor e a retirada das pinturas sexta-feira, a ordem partiu diretamente do tabuleiro.

“Isso cheira a censura”, diz Vera Zaverucha, uma ex-diretora da Ancine, que, apesar de deixar de ser parte da instituição, não parou e escreveu a agência segunda-feira (2) perguntando por que o edifício foi removido. “Estava vazio e pouco atraente”, acrescentou.

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