Um membro do PT, cujo mandato foi ressuscitado por Lira para salvar Bolsonaro, reage à manobra

O ex-deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), atual secretário nacional de assuntos clientelistas do governo Lula, reagiu ao fato de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter ressuscitado um projeto de lei de sua autoria, apresentado em 2016, com o objetivo de salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão.  

Na última quarta-feira (5), Lira apresentou um pedido de urgência ao projeto de lei 4372/2016, que proíbe a divulgação do conteúdo das delações premiadas e sua aprovação enquanto o denunciante estiver preso. Se aprovado, o projeto será votado em plenário sem passar pelas comissões e pode obter vantagens de Jair Bolsonaro.  

Lira teria pressionado pela urgência da missão com o suposto objetivo de “se vingar” do governo Lula. Na verdade, a manobra foi apresentada logo após o Senado aprovar por unanimidade o Projeto de Lei 314, que institui o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover). , sem o “imposto da camisa”, que se aplicaria a compras feitas em sites estrangeiros. A eliminação desses pagamentos teria sido considerada por meio de Lira como uma quebra do acordo firmado com o governo. Posteriormente, a devolução do pagamento foi incluída em um clímax aprovado do caso.  

Para Wadih Damous, é por “oportunismo” que Lira ressalta a urgência de seu projeto apenas dez anos após a apresentação do texto. Inicialmente, a proposta pretendia acabar com as ilegalidades e arbitrariedades da Operação Lava Jato. Na ocasião, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pediu a rejeição do projeto e, desde então, ele está suspenso.  

“Vejo um uso enganoso do projeto, conveniente neste momento. Trata-se de uma manipulação oportunista natural. O debate é necessário, evidentemente. Ainda acho que a denúncia não é prova, mas não percebo a pressa de votar com urgência. Algo que está paralisado há anos”, disse Damous em entrevista ao jornal O Globo.

No entanto, na mesma entrevista, Wadih Damous alertou que os planos de Lira poderiam ser frustrados se ele tivesse a urgência da tarefa de libertar Jair Bolsonaro da prisão.  

De fato, segundo o deputado federal, os efeitos da lei, se aprovada, são retroativos. Ou seja, seria válido anular as recentes acusações de Mauro Cid envolvendo o ex-presidente.  

“Se o objetivo é dar ao Bolsonaro as vantagens dessa aprovação, eles vão acabar na água, porque a lei é retroativa e vale para acusações já feitas. “

 

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *