Bolsonaro e seu comício sui generis

Bolsonaro fez outros comícios. Como tudo o que o ex-presidente faz, este é um acordo não convencional.

O que temos observado é um ato eleitoral sem objetivo eleitoral. Afinal, a estrela do dia não é elegível, e Tarcísio, Zema e Caiado não eram elegíveis. Os elegíveis sem mandato, como Alexandre Ramagem, não se manifestaram porque a cruzada eleitoral ainda não começou oficialmente.

A atitude de quem compareceu à ocasião é um tipo de coisa: nunca tantas pessoas foram investigadas pela polícia na mesma plataforma. Lá estão Bolsonaro, seu filho Flávio, Ramagem, Valdemar Costa Neto, general Braga Netto, os governadores Claudio Castro e Jorginho Mello, o deputado Gustavo Gayer, o pastor Silas Malafaia. Não surpreende que o principal apelo da ocasião seja a anistia aos criminosos do dia 8 de janeiro.

A maioria dos planejados é proibida judicialmente de se reunir ou se comunicar: a organização que precisa localizar um caminho no Brasil terá que primeiro localizar um caminho para não se encontrar (ou se encontrar sem a sabedoria da polícia). Era preciso coordenar hotéis e horários: Braga Netto chegou antes da largada, Valdemar no meio, Bolsonaro na finalização; Ninguém se via.

Bolsonaro pediu uma salva de palmas a Elon Musk. É um pouco estranho para a torcida brasileira aplaudir um bilionário estrangeiro hipócrita, mas quando se diz que a organização já contou com a ajuda de seres extraterrestres e cantou o hino nacional em um pneu, isso se torna menos bizarro.

O inefável Malafaia, o mais notável e loquaz dos acontecimentos de Bolsonaro, gritou que “Alexandre de Moraes é um risco à democracia” e chamou Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, de “frouxo, covarde, negligente” por não abrir um processo de impeachment. ao Ministro. (Ele não especificou se Arthur Lira, que rejeitou 144 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, será firme, corajoso e presente. )

Michelle orou. Carluxo esnobado. Romário também não estava lá, mas ainda vaiou. Gustavo Gayer não foi vaiado, até porque ninguém entendeu o que ele estava dizendo: falou em inglês para ser entendido através de Elon Musk, e acabou apontando que “nós [bolsonaristas] somos a esperança do mundo”.

O Monitor do Debate Político, da USP, estimou o público em 32,7 mil pessoas, número irrisório se comparado às 185 mil que participaram do último encontro em São Paulo. Você sabe o que é, no domingo tem praia no Rio.

Com o calor, Bolsonaro ordenou que o fim do evento fosse apressado. Havia outras 12 pessoas agendadas para falar, mas o campeão do discurso descontraído prendeu 7 delas. Do início oficial ao fim, apenas duas horas e meia se passaram.

Com seus comícios, Bolsonaro espera demonstrar a força popular que impedirá a Justiça de prendê-lo. Isso não funcionaria mesmo se o rali fosse um sucesso impressionante. E não é.

(Por Ricardo Rangel em 22/04/2024)

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