Duo ganhou o prémio de arquitectura mais importante.
As arquitetas irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara venceram o prémio Pritzker 2020, foi esta terça-feira (3 de março) anunciado pela Fundação Hyatt que anualmente atribui o prémio.
“A arquitetura pode ser descrita como uma das mais complexas e importantes atividades culturais do planeta”, sublinhou Yvonne Farrell, citada no site oficial do prémio Pritzker. “Ser arquiteta é um enorme privilégio. Ganhar este prémio é uma grande honra”.
Yvonne Farrell (1951) e Shelley McNamara (1952) conheceram-se durante os estudos universitários na Escola Superior de Arquitetura de Dublin, orientadas por arquitetos racionalistas. Licenciaram-se em 1976 e passaram a ser, elas próprias, professoras na instituição.
Sobre o trabalho que desenvolvem desde os anos 70 e que teve grande visibilidade quando foram escolhidas para fazer a curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2018, a Fundação Hyatt sublinha que criam espaços que simultaneamente “honram a história enquanto demonstram mestria do desenvolvimento urbano e artesania na construção”. “Equilibrando força e delicadeza e confirmando uma reverência pelos contextos locais, as suas instituições académicas, civis e culturais, assim como as suas casas, resultam em trabalhos modernos e impactantes que nunca repetem ou imitam mas são decididamente a sua voz na arquitetura”, refere o comunicado do júri.
A dupla assinou edifícios como o campus universitário UTEC em Lima, em 2015, ou o departamento de Finanças, em Dublin, em 2009.
Shelley McNamara afirma que a “arquitetura é uma moldura para a vida humana. É uma âncora pra nós e liga-nos ao mundo de uma forma que nenhuma outra disciplina consegue”. Yvonne Farrell continua: “No coração da nossa prática está a real crença de que a arquitetura importa. É um fenómeno cultural espacial que as pessoas inventam”.
As irlandesas trabalham juntas desde 1978 quando abriram o escritório Grafton Architects, em Dublin, a cidade onde continuam a trabalhar e vivem. Em 40 anos completaram quase tantos projetos – na Irlanda natal, Reino Unido, França, Itália e Peru. São as primeiras personalidades de nacionalidade irlandesa a receber o Prémio Pritzker.
Yvonne Farrell e Shelley McNamara são a 47.ª e 48.ª vencedoras de um prémio que já premiou os portugueses Álvaro Siza (1992) e Souto Moura (2011), Arata Isozaki (2019), Balkrishna Doshi (2018) e, entre outros, Alejandro Aravena (2016), Peter Zumthor (2009), Jean Nouvel (2008), Paulo Mendes da Rocha (2007), Zaha Hadid (2004), Herzog et Meuron (2001), Rem Koolhaas (2000), Norma Foster (1999), Renzo Piano (1998), Aldo Rossi (1990), Grank Gehry (1989), Oscar Nyemeyer (1988) e Philip Johnson, o primeiro vencedor, em 1979.
O Pritzker, instituído por Jay e Cindy Priztker, atribui um prémio de 100 mil dólares (quase 90 mil euros) ao vencedor.