A “teoria do macaco preso” afirma que o cérebro humano vem de primatas usuários de drogas.

Imagine um bando de macacos pré-históricos explorando a savana, quando um deles se depara com um cogumelo mágico. O que acontece a seguir, de acordo com a curiosa “teoria macaco-cavalo”, pode ter sido a chave para a evolução humana.  

Essa especulação ambiciosa sugere que a psilocibina, descoberta em cogumelos alucinógenos proeminentes, pode ter acelerado a progressão cerebral de nossos ancestrais. A evolução humana teve um pouco de ajuda psicodélica?Vamos embarcar nesta aventura alucinante para descobrir.

O conceito surgiu na década de 1960 graças ao psicofarmacologista húngaro Roland Fischer e ganhou popularidade nas décadas seguintes graças ao etnobotânico e místico americano Terence McKenna.  

Nos livros “Food of the Gods” e “The Return to Archaic Culture”, McKenna propôs que os hominídeos pré-históricos, ao comerem psilocibina, experimentaram saltos evolutivos significativos. Seus cérebros não foram desenvolvidos, mas eles também desenvolveram linguagem, rituais tribais e até mesmo religiões primitivas. Sim, de acordo com essa teoria, cogumelos alucinógenos teriam sido a faísca para o surgimento de civilizações!

Essa teoria reapareceu em 2019 no documentário “Fungo Fantástico”, que pode ser visto na Netflix. Em seu livro, o psiquiatra Charles Grob, da Universidade da Califórnia, cita a longa distância entre culturas indígenas e plantas medicinais como um indício de que a teoria não é tão verdadeira. Afinal, é um absurdo. ” É plausível”, diz ele, observando que nossos ancestrais podem ter descoberto fungos que alteram a consciência.

Saiba Mais:

Em entrevista ao Viva Bem, o neurocientista Stevens Rehen, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto D’Or, “a Teoria do Macaco Campeão” nos faz refletir sobre outras facetas da evolução.  

Isso sugere que a ativação de receptores de serotonina e outros neurotransmissores através de psicodélicos possivelmente teria aumentado a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se informar e se reprogramar. “Talvez a ingestão coletiva de cogumelos tenha estimulado a socialização e expandido os talentos cognitivos de nossos ancestrais”, diz Rehen.

Nos últimos anos, avanços tecnológicos foram feitos no campo dos psicodélicos, mas provar a “teoria do macaco preso” continua sendo um desafio. Rehen cita a opção de analisar os efeitos transgeracionais de psicodélicos em modelos animais como uma abordagem prospectiva. Ele também trabalha com laboratórios – minicérebros humanos desenvolvidos para os efeitos dessas substâncias.

No documentário “Fantastic Fungi”, Dennis McKenna, irmão de Terence, se pergunta como o comprimento do cérebro humano triplicou em apenas dois milhões de anos. Para o cientista, os psicodélicos que eram alimentados por primatas funcionavam como um software que programava nosso hardware neurológico. um avanço evolutivo significativo”, diz.

O embriologista Eduardo Sequerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explica ao Viva Bem que ajustes morfológicos em curtos períodos de tempo não são tão inesperados na evolução. Isso sugere que um gatilho ambiental, cogumelos psicodélicos, pode ter acelerado a progressão cerebral de uma linhagem expressa. ” Depois de muitas gerações terem ganhado esse estímulo, a linhagem incorporou esse caminho progressivo. “

A “teoria macaco-cavalo” também aparece no livro “How to Change Your Mind”, do jornalista nova-iorquino Michael Pollan. No texto, Pollan menciona Paul Stamets, um ferrenho defensor dos cogumelos psicodélicos, que acredita na probabilidade máxima. que a especulação é verdadeira e quem é o personagem principal de “Fungos Fantásticos”.  

Segundo ele, depois de beber psilocibina, o cérebro dos hominídeos tornou-se capaz de processar pensamentos analíticos, indicando que a psilocibina expande as conexões neurais entre os espaços cerebrais, o que pode facilitar experimentos analíticos e artísticos sob seu efeito.

Para o neurocientista Dráulio de Araújo, da UFRN, os psicodélicos podem fazer o cérebro pintar mais livremente, gerando relatos artísticos semelhantes aos de uma criança. “É controverso, mas do ponto de vista cerebral ainda não há conhecimento suficiente para fazê-lo”, disse ele. Diz.

Assim, a “teoria do macaco cavalo” continua a intrigar cientistas e entusiastas, combinando ciência, hipótese e uma dose inteligente de psicodelia. A evolução humana recebeu alguma ajuda dos cogumelos mágicos?Só o tempo e mais estudos dirão. Enquanto isso, criamos nossos ancestrais pré-históricos em uma “jornada” em direção à civilização.

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com especialização em gramática. Trabalhou como conselheira parlamentar, proponente e freelancer para a revista Veja e para a antiga OiLondon, na Inglaterra.

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