Enquanto o interesse humano não conhece limites, a ciência continua a expandir nossa sabedoria por meio de investigações desejáveis e bizarras.
Enquanto alguns estúdios recebem prêmios Nobel por suas contribuições inovadoras, outros recebem o hilário prêmio “Ig Nobel” por seu caráter incomum. Entre esses extremos, há inúmeros estudos que ajudam a construir a montanha da sabedoria humana (ainda que em formas), como os 4 exemplos abaixo.
Primeiro, temos um artigo escrito por Dennis Upper, de 1974, no Journal of Applied Behavior Analysis, intitulado “Failure to Self-Treat a Case of Writer’s Block”.
Este estudo consiste em uma página em branco, simbolizando o fracasso do autor em superar seu bloqueio artístico. A revisão por pares é igualmente cômica, com um revisor afirmando não ter descoberto falhas no design ou redação e recomendando que o artigo seja publicado sem modificações.
A postagem incluiu comentários destacando o fato de que o estudo foi tão conciso quanto o revisor já tinha visto, mas com detalhes suficientes para que outros pesquisadores refletissem a falha.
De acordo com as opiniões, este estudo, embora trivial, ilustra como até mesmo erros podem ser valiosos para descartar probabilidades e refinar hipóteses. Também enfatiza a importância de documentar todas as etapas do processo clínico, mesmo aquelas que não levam a descobertas rápidas.
Outro curioso é o publicado em 2002, que investigou “Os efeitos da coloração alimentar azul na espécie de lagarta Vanessa cardui”. Os pesquisadores queriam descobrir se a adição de corante ao alimento das lagartas substituía a cor das asas das borboletas.
Infelizmente, eles se depararam com vários problemas metodológicos, além de registro insuficiente dos resultados, contagens errôneas de borboletas e uma combinação de datas e rótulos. No segmento de discussão do artigo, os pesquisadores admitiram honestamente que esses erros comprometeram os resultados, enfatizando a importância do método rigoroso na pesquisa clínica.
Eles indexaram os distúrbios que enfrentaram: não registraram todos os efeitos corretamente, calcularam erroneamente o número de borboletas mortas, datadas e rotuladas, e tiveram distúrbios com os recipientes de borboletas, algumas caindo e tombando sobre o grupo controle.
Mesmo que os resultados fossem inconclusivos, o estudo contribuiu para as exigentes situações experimentais em biologia. Isso nos lembra que a ciência é um processo contínuo de tentativa e erro e que mesmo estudos que não conseguem atingir seus objetivos originais podem fornecer insights importantes.
Saiba Mais:
Um exemplo de estudo bem-sucedido é um publicado em 2003 na revista Polar Biology que testou a defecação de pinguins. Intitulado “Pressures Produced When Penguins Poop: Bird Defecation Calculations”, o artigo relata como os estudiosos calcularam as pressões geradas pelos pinguins-de-chinstrap e pinguins-de-adélia quando expelem suas fezes.
Os cientistas descobriram que essas aves produzem pressão significativa, o suficiente para impedir que seus excrementos cheguem aos ninhos, mas não desperdiçam energia em fluxos turbulentos.
Essas pressões foram calculadas para outros tipos de materiais ejetados, desde ingredientes aquosos até resíduos de maior viscosidade.
O estudo também deixou em aberto questões sobre o comportamento dos pinguins em relação à direção do vento, sugerindo a necessidade de mais estudos no futuro. Este estudo demonstra que mesmo os tópicos mais imprevistos podem oferecer insights valiosos sobre o comportamento animal, contribuindo para a nossa visão das aves. Estrutura corporal e ecologia.
Finalmente, a investigação da BBC lança luz sobre o hábito intrigante dos polvos, demonstrando claramente como o interesse animal pode levar a descobertas.
Em 2008, trabalhadores do Sea Star Aquarium, na Alemanha, descobriram que um polvo chamado Otto causava curtos-circuitos ao borrifar água em uma lâmpada. Aparentemente, Otto não gostava de luzes brilhantes e à noite subia na lateral de seu tanque. Borrife água sobre a lâmpada, cortando a eletricidade do aquário.
Um polvo em um laboratório da Nova Zelândia fez o mesmo, levando a instalação a liberá-lo de volta ao mar devido aos custos fixos.
Esses movimentos foram observados pela primeira vez por Peter B. Orvalho em 1959, que observou a aversão do polvo a luzes brilhantes em um artigo no Journal of Experimental Analysis of Behaviour.
Ele documentou como os polvos podem amplificar comportamentos complexos para se adaptar ao ambiente, como jogar água em objetos que os incomodam. Esses incidentes oferecem novos insights sobre a biologia comportamental.
Eles também ilustram a importância de observar e documentar os hábitos dos animais em outros contextos, pois isso pode levar a descobertas que desafiam nossas expectativas e expandem nossa sabedoria sobre as habilidades cognitivas e adaptativas dos animais.
Embora à primeira vista possam parecer triviais ou engraçados, estudos como os citados acima demonstram a importância de ler todas as facetas da natureza e do comportamento.
Cada estudo, com suas descobertas e desafios, contribui para o vasto mosaico do conhecimento humano, lembrando-nos que mesmo os estudos mais incomuns podem ter um impacto significativo na ciência e em nossa compreensão da vida.
Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com especialização em gramática. Trabalhou como conselheira parlamentar, proponente e freelancer para a revista Veja e para a antiga OiLondon, na Inglaterra.